Sem-teto e prefeitura não entram em acordo sobre despejo de 200 famílias na grande São Paulo

12/01/2006 - 22h08

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília – Terminou sem acordo a reunião entre as famílias da ocupação Chico Mendes e a prefeitura de Taboão da Serra (SP). Representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) disseram esperar uma solução provisória para pelo menos 200 famílias que não têm para onde ir quando for efetivada a ordem de reintegração de posse da área. A prefeitura diz só ter recursos para atender metade desse número.

"A proposta da prefeitura foi frustrante em relação à gravidade da situação. Esperávamos que a prefeitura municipal tivesse uma flexibilidade e uma sensibilidade maior tendo em vista que o despejo pode acontecer a qualquer momento", afirmou um dos coordenadores do movimento, Guilherme Boulos. Ele disse que uma solução provisória seria conceder abrigos para o restante das 860 famílias acampadas no terreno, até que se conclua a construção das 860 casas concedidas por determinação do governo federal, através de acordo de financiamento com a Caixa Econômica Federal.

De acordo com a secretária de Habitação da prefeitura, Ângela Amaral, o município ficou em situação de calamidade pública durante quase todo o ano passado, por causa de enchentes e desmoronamentos de terra, e não tem verbas para atender todas as famílias. Ela acrescentou que foram então oferecidas 100 bolsas de auxílio-aluguel: "O movimento entregou só no dia 2 de janeiro o cadastro de 818 famílias e a prefeitura está analisando os casos e fazendo o que é possível para atender. Nós queremos atender só as famílias mais necessitadas nesse momento".

Para Helena Silvestre, também coordenadora do MTST, falta interesse por parte da prefeitura. "Nós temos ciência de que o município carece de recursos, mas a gente sabe que com um pouco de vontade política podemos conseguir soluções", argumentou. Ela informou que amanhã (13) haverá uma outra reunião com a Secretaria de Habitação para tentar aumentar o número de inscritos no programa. "Nós propusemos continuar as negociações para tentar, através de acordos com o governo federal e estadual, conseguir uma verba maior para que esse número de famílias no programa duplique", acrescentou.