Para empresários, ônibus barato e de qualidade só é possível com intervenção do Estado

13/01/2006 - 17h24

Milena Assis
Da Agência Brasil

Brasília- Transporte urbano de qualidade a um preço acessível à população. Essa equação só fecha com um terceiro elemento, o auxílio do Estado, segundo avalia o empresário e presidente da Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Vieira Cunha Filho. "É impossível combinar essas variáveis. A única maneira de se melhorar seria se houvesse uma intervenção do Estado", diz ele.

Redução da carga tributária ou subsídios diretos para a passagem são as sugestões do empresário para "fechar a equação". "No mundo todo o transporte é subsidiado, a população paga metade do serviço", afirma.

Na estimativa da NTU, nos últimos anos, 37 milhões de brasileiros deixaram de usar os ônibus por falta de dinheiro para pagar o preço da passagem. "A única forma de sair disso é baratear o custo da passagem para trazer de volta os excluídos", diz o empresário.

Cunha lembra que, especialmente, as isenções dadas a idosos e estudantes precisam de uma contrapartida que envolve os subsídios. Ele também cita o oligopólio em torno dos insumos e de serviços de manutenção dos equipamentos como fatores que pressionam os custos. Segundo ele, se aplicadas, as medidas sugeridas pelos empresários poderiam acarretar na redução de até 50% do preço da passagem.

O empresário também avalia que não adianta tornar novamente público o sistema e diz que o que é preciso é estabelecer um marco regulatório para o sistema. "Deveria ter uma lei federal, a exemplo da lei de trânsito, um código brasileiro de transporte que pudesse definir políticas de investimentos públicos na infra-estrutura, para baixar o custo do serviço".