Evo Morales deve ter postura conciliadora com Petrobras, acredita militante boliviano

13/01/2006 - 18h18

Daniel Merli
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O governo do novo presidente Evo Morales não deve ter uma postura de conflito com a estatal brasileira Petrobras, avalia Pablo Sólon, diretor da Fundação Sólon – organização da sociedade civil que foi uma das responsáveis pela mobilização pela nova lei do petróleo e gás. "O objetivo do governo de Evo é de ter uma postura de maior negociação com a Petrobras e o governo brasileiro", afirmou de La Paz, em entrevista por telefone à Agência Brasil.

Segundo o militante, Evo já deve ter "uma situação muito conflitiva com outras empresas". Sólon cita o caso da espanhola Repsol e a britânica BP. A última, segundo ele, chegou a negociar as reservas de gás bolivianas na Bolsa de Valores de Nova York. A nova Lei de Hidrocarboneto determina que as reservas são do Estado boliviano, que apenas cede a exploração para uma empresa privada, cobrando uma tarifa pelo uso.

Mesmo prevendo uma negociação mais fácil com os brasileiros, Solón defende que a Petrobras e o governo federal dêem um sinal forte de mudança. "Já que o governo brasileiro se aproveitou de um momento de privatização que foi daninha ao povo boliviano", disse. O militante refere-se ao fato da Petrobras explorar as reservas de gás do país vizinho, por meio de licitações feitas no governo de Hugo Banzer.

Evo Morales, candidato do partido Movimento ao Socialismo (MAS), foi eleito presidente da Bolívia em dezembro e toma posse no próximo domingo (22).