Eleição de Evo Morales gera expectativa de mudança na Bolívia, diz militante

13/01/2006 - 17h46

Daniel Merli
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A vitória de Evo Morales, candidato do partido Movimento ao Socialismo (MAS), fez a vizinha Bolívia viver "uma grande alegria entre os movimentos sociais e povos indígenas". O relato é de Pablo Sólon, diretor da Fundação Sólon – organização da sociedade civil que foi uma das responsáveis pela mobilização pela nova lei do petróleo e gás. Sólon destaca o fato do novo presidente, eleito em dezembro, ter obtido maioria no Parlamento. "O triunfo de Evo foi tão contundente que lhe permite uma situação mais favorável do que se pensava originalmente", afirmou, em entrevista por telefone à Agência Brasil.

Com a maioria parlamentar, Sólon acredita que Evo "não terá de negociar apoio para as leis que pretende aprovar". Outro fator positivo para o governo, que começa após a posse marcada para este domingo, é que o déficit fiscal do país ter caído a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Sólon afirma que a redução do déficit ocorreu depois da aprovação da nova Lei de Hidrocarbonetos – que regula o mercado de petróleo e gás. A lei determina que as reservas são propriedade do Estado boliviano, que apenas cede a exploração para uma empresa privada, cobrando uma tarifa pelo uso. A nova tarifa aumentou a arrecadação do governo, segundo Sólon.

Um terceiro fator positivo para o início de governo, segundo Sólon, é o apoio dos movimentos sociais e os índices de aprovação, que, em algumas pesquisas, chegam a 80%. Com esse apoio, Sólon acredita que a maior parte dos conflitos do novo governo deve vir da relação de Evo com as empresas transnacionais, que têm interesse nas reservas de gás bolivianas.