Rio, 13/1/2006 (Agência Brasil - ABr) - O relatório consolidado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), divulgado hoje pela instituição, mostra que os desembolsos efetuados no ano passado alcançaram R$ 47 bilhões, aproximando-se da meta prevista para o período, que era de R$ 50 bilhões. O resultado revela incremento de 18% na comparação com os R$ 40 bilhões liberados em 2004.
Segundo o gerente de Planejamento do BNDES, Fernando Puga, o ano passado foi marcado por uma grande frustração na área agrícola, devido a condições climáticas adversas, que inibiram o investimento do setor. "Isso ajuda a explicar bastante a revisão (da meta de desembolsos), que era de R$ 60 bilhões, inicialmente, para 2005". O chefe do departamento de Planejamento do BNDES, Ernani Torres, lembrou que, além disso, houve queda da taxa de câmbio no período. Como uma parte do banco é em dólar, "a despeito da exportação ter crescido, o valor em real não expressa esse crescimento", explicou.
Os desembolsos destinados a projetos de exportação somaram US$ 5,8 bilhões, com aumento de 52% em relação ao ano anterior. Desse total, US$ 5,5 bilhões foram destinados a exportações do setor industrial. O desempenho superou em 54% o de 2004, informou o BNDES. Nesse setor, o destaque foram as liberações para o segmento de material de transporte, com incremento de 41%, atingindo US$ 4 bilhões, e o segmento da indústria mecânica, responsável pela fabricação de máquinas, ferramentas e equipamentos, cujo aumento foi de 232% (US$ 847 milhões).
O relatório revela, também, que as aprovações de novos financiamentos subiram 44% no ano passado, alcançando em 31 de dezembro o total de R$ 54,5 bilhões. De acordo com Ernani Torres, o aumento das aprovações aponta para uma retomada maior das liberações de recursos do BNDES em 2006. "Vai haver certamente repercussão no desembolso corrente", afirmou.
O setor industrial mostrou crescimento de 100% na aprovação de projetos para novos financiamentos, somando R$ 28,9 bilhões, contra R$ 14,4 bilhões em 2004. O maior volume de aprovações foi identificado no segmento de material de transporte (R$ 9,6 bilhões), superior em 53% ao do ano anterior. O maior aumento em termos percentuais (1.169%) foi registrado no segmento de papel e celulose, que passou de R$ 291 milhões para R$ 3,7 bilhões.
As cartas-consulta, que representam a entrada dos pedidos de financiamento no banco, tiveram retração de 8%, embora mostrassem incremento de 16% e 32% nos meses de novembro e dezembro, respectivamente. Torres ressaltou que esse é um dado "muito volátil e inicial", pois é grande a "mortalidade" de projetos (referindo-se a intenções de investimento de empresários que acabam não se concretizando) entre a apresentação dos pedidos e as aprovações.
Já os enquadramentos, que são o primeiro estágio da análise dos pedidos de financiamento ao BNDES, subiram 9% durante o ano passado, encerrando o exercício com R$ 81,8 bilhões.
