Consultor do setor energético critica ''intervenção'' no preço do álcool

13/01/2006 - 11h49

Crisitina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio - Em vez de intervir no mercado para reduzir o preço do álcool, o governo deve priorizar a formação de estoque regulador do produto para atender o mercado em momentos da entressafra, nos meses de janeiro e fevereiro. A avaliação é do diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, que hoje (13) deu entrevista ao Programa Notícias da Manhã , da Rádio Nacional .

Pires não acredita no cumprimento, por parte dos usineiros, do acordo feito pelo governo com o setor para a redução de R$ 1,08 para R$ 1,05 no preço do álcool anidro (usando na mistura com a gasolina) e para R$ 0,95 no álcool hidratado no período da entressafra. Em troca, o governo prometeu aos usineiros estudar justamente um programa de estocagem do produto para evitar flutuações de preço no futuro.

"No Brasi, sempre que o governo intervém congelando o preço de uma mercadoria ou produto, ou o produto some da prateleira ou aumenta de preço", avisa o diretor do CBIE, que faz consultoria para as indústrias do setor energético. "Ontem tive contato com algumas distribuidoras e me relataram que em São Paulo,o grande mercado de álcool no país, o álcool subiu depois do acordo com o governo, ao invés de descer como estava acordado."

Segundo Pires, o álcool é uma commoditie agrícola e como todas, flutua com safra e entressafras, além dos aspectos climáticos. "No Brasil, em janeiro e fevereiro, o álcool aumenta porque estamos em entressafra. Em abril e maio cai porque é o início da safra e os usineiros começam a moer a cana", explica o consultor.

Para ele, esse ano o preço do produto subiu mais porque houve a retomada da venda do álcool com o aumento da produção do carro bi-combustível e aumento das exportações com a procura de outros países, entre eles o Japão. Também teve impacto na alta de preço a decisão do governo de adicionar corante no álcool anidro para evitar a adulteração do produto.

Pires aconselhou ainda o consumidor que tenha carro bi-combustível a preferir, neste momento, a gasolina. "Só vale a pena botar álcool no carro bi-combustível se ele estiver com o preço 70% mais barato, do contrário, é melhor utilizar a gasolina que tem melhor rendimento", sugere o diretor do CBIE. "Com a diminuição do consumo, vai sobrar álcool e o preço cai outra vez. Isso é que é política de mercado. O preço artificial prejudica tanto o produtor como o consumidor de álcool."