Fruet diz ser pouco provável apuração total da circulação do dinheiro de suposto esquema de caixa 2

12/01/2006 - 12h10

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio - O sub-relator para movimentação financeira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios (CPMI), deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), disse considerar pouco provável que seja totalmente apurada a circulação do dinheiro – liberação de recursos de empresas, movimentação bancária do empresário Marcos Valério de Souza e destino final - que envolveria um possível esquema de caixa dois em campanhas eleitorais, apesar das quebras de sigilo de pessoas físicas e jurídicas realizadas pela comissão.

Em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, o deputado afirmou que, mesmo assim, boa parte da origem dos recursos já foi identificada. "Há mais de 16 milhões de movimentações bancárias, envolvendo as pessoas físicas e jurídicas que tiveram o sigilo quebrado nesse período", afirmou.

Sobre a movimentação do empresário Marcos Valério, Fruet revelou que já foi feita uma auditoria do período de 2000 a 2005 e da destinação dos recursos, praticamente fechando a relação dos que receberam o dinheiro, através de saques ou através do repasse. "Mas é muito difícil que se feche toda a conexão com relação à origem do dinheiro, em especial, lembrando que o dinheiro não sai carimbado", explicou.

O parlamentar disse que o pedido para ouvir os depoimentos da funcionária da direção nacional do PT, Solange Pereira de Oliveira, e da ex-assessora financeira do partido de Londrina, Soraia Garcia, foi feito com o objetivo de esgotar todas as frentes de investigação, mesmo que possam acrescentar pouco nesta fase dos trabalhos.

Segundo Fruet, no caso de Solange Oliveira embora a funcionária não tivesse poder de decisão, ela trabalhou diretamente na secretaria do PT, ligada ao ex-tesoureiro Delúbio Soares. "Existem algumas operações e pessoas que receberam recursos e que não temos ainda esclarecimento. O objetivo seria é buscar auxílio dela nessas respostas", disse.

O pedido para ouvir Soraia Garcia foi feito porque a ex-assessora fez afirmações, confirmadas na Polícia Federal, de que parte dos recursos utilizados nas movimentações de Marcos Valério e de Delúbio Soares, também teriam ido para as eleições municipais. "A questão do caixa dois não era o foco inicial da CMPI dos Correios, mas, principalmente, depois do encerramento da CMPI do Mensalão e de fatos que surgiram, inclusive em relação à eleição de 98, se jogou uma carga de responsabilidade muito grande para a CMPI neste ponto", afirmou. Segundo Fruet, o objetivo também é esclarecer esses fatos e ouvir o depoimento da ex-assessora para evitar que se responsabilize a CPI por não ouvir os depoimentos aprovados por toda a comissão.

As datas dos depoimentos ainda não foram marcadas, mas o parlamentar espera que isso seja feito ainda neste mês. Ele vai encaminhar um pedido para que o Presidente da Comissão, Delcídio Amaral, emita os ofícios com a definição dos dias, horários e locais. "Elas podem ser ouvidas em qualquer sub-relatoria", acrescentou.