Brasil deveria ter soluções regionais para a conservação de estradas, diz engenheira

12/01/2006 - 13h28

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio- A engenheira responsável pelo Laboratório de Agrupamento de Infra-estrutura Viária e Impermeabilização em Obras do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Márcia Apis, defendeu hoje (12) o emprego de soluções regionalizadas para a conservação das estradas brasileiras.

"É muito difícil dar uma solução única para um país tão grande e com condições tão adversas, como os diferentes tipos de solo e situações climáticas, além de cargas que passam pelas estradas de formas diferentes", avaliou.

Em entrevista ao programa Notícias da Manhã, produzido pela Radiobras, ela afirmou que, a partir de 2007, o governo devia pensar em incluir no orçamento recursos específicos para manutenção de rotina das rodovias. "A manutenção programada e de rotina é muito mais barata e eficiente do que esse tipo de operação, que vem quando os danos já estão causados", disse. "Uma estrada ruim reduz a velocidade e aumenta o percurso, consome mais lubrificantes e combustíveis, exige maior manutenção para veículos e aumenta a ocorrência de acidentes. Nosso prejuízo é muito grande com as rodovias em mau estado de conservação".

Segundo ela, estradas de concreto asfáltico são projetadas para durar dez anos, mas, para isso, têm que ser observadas todas as etapas de manutenção. "O que leva e acelera a deterioração das rodovias é a falta de manutenção, o excesso de cargas ou [a hipótese] de que as equipes que executam os serviços não estão adequadas para o processo", avaliou.

Márcia disse ainda que a operação tapa-buraco tem técnicas e passos que devem ser seguidos. Quando executados às pressas, acrescentou, esses serviços podem pular etapas, o que acaba por afetar sua durabilidade. "Cada caso é um caso, mas, mesmo no caso de remendos ou em grandes áreas, eles têm um tipo de problema estrutural ou funcional que se não tiver sido corrigido ou se for colocado apenas uma camada [ de cimento] por cima, o buraco volta a aparecer", concluiu.