Maior trabalho do Coaf não significa que corrupção aumentou, avalia presidente do conselho

11/01/2006 - 16h34

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – O presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, acredita que o aumento no seu número de registros não significa que aumentou a corrupção no Brasil. "De jeito nenhum porque, primeiro, não é só corrupção. Pode ser qualquer coisa e pode ser, até, nada. Eu não afasto a hipótese de alguma comunicação ser feita simplesmente porque nós não encontramos elementos que explicassem a tal movimentação", disse, hoje (11), em palestra na Câmara de Comérco Americana do Rio de Janeiro.

Em 2005, o Coaf enviou 687 pedidos de investigação de operações suspeitas para a Polícia Federal, Ministério Público Federal e estaduais. "Todos acabam gerando inquéritos e estão sendo investigados, verificando se há fundamento ou não", afirmou o presidente do Coaf.

O Coaf foi criado pela Lei 9.613, de março de 1998, para identificar e coibir os crimes de lavagem de dinheiro no país. Desde 1998, o órgão recebeu 302,006 mil comunicações de operações suspeitas, das quais 1,318 mil foram encaminhadas aos órgãos competentes (Polícia Federal e Ministérios Públicos federal e estadual) para investigação.

Rodrigues explicou que, no ofício encaminhado pelo Coaf, à Polícia Federal e ao Ministério Público, o órgão é cuidadoso ao comunicar que "encontrou indícios" de operações fraudulentas. "A gente não pode cair nesse erro", afirmou, referindo-se a uma simples aparência de um fato. "Nós temos que, por informação disponível, identificar se há alguma coisa efetivamente má acontecendo", esclareceu.

O Coaf trabalha com base em informações de entidades, como os bancos e seguradoras, por exemplo, e atua conforme a legislação. Rodrigues considerou que a tendência natural é que haja um aumento das comunicações de denúncias de irregularidades ao Coaf e dos pedidos encaminhados para averiguação pelo órgão, acompanhando a melhoria dos sistemas das empresas.

Rodrigues reconheceu que a estrutura de trabalho do Coaf é reduzida. Quando assumiu o cargo, há dois anos, havia cerca de 20 funcionários. Hoje são 31 cedidos mais quatro terceirizados. Rodrigues disse que o volume de informações cresceu bastante, passando de 300 comunicações recebidas por dia para cerca de 900 por dia. "De certa forma, a gente é vítima do próprio sucesso", analisou. O Conselho não realiza concurso para admissão de pessoal, mas busca funcionários de carreira de outros órgãos governamentais. "A gente procura sempre trazer os melhores", afirmou Rodrigues.