Ex-diretora da Prece recorre a subordinado para responder a perguntas em CPI

11/01/2006 - 17h48

Marcos Chagas
Repórter Agência Brasil

Brasília - O depoimento da ex-diretora financeira da Prece Magda das Chagas Pereira, hoje (11), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios foi considerado "inusitado" por vários parlamentares. Ela começou a responder as perguntas do sub-relator, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), mas logo pediu que um ex-subordinado, o atual gerente de Investimentos da Prece, Paulo Martins, a ajudasse nas respostas. A Prece é o fundo de pensão da Companhia de Águas e Esgostos do Rio de Janeiro (Cedae).

A partir daí, Paulo Martins assumiu o depoimento respondendo a praticamente todas as perguntas feitas pelo deputado durante a parte pública da sessão. Isso foi motivo de discussão entre os parlamentares, que questionaram o fato de Martins não ter sido convocado e ter comparecido à CPMI apenas como colaborador da ex-diretora da Prece.

"Isso é um caso ímpar, quem está depondo é ele (Paulo Martins), sendo que a senhora Magda é quem está na condição de investigada. Isso é um caso de 'laranja' (pessoa que empresta o nome para ocultar terceiros). A senhora foi nomeada para a diretoria da Cedae, mas no seu currículo não vejo qualquer qualificação na área financeira", afirmou a deputada Denise Frossard
(PPS-RJ).

Magda Pereira, que depôs amparada por habeas corpus preventivo, alegou nervosismo para justificar o desconhecimento de vários procedimentos adotados pelo fundo de pensão, no que se refere a investimentos realizados por sua carteira própria, que foram tema de perguntas do sub-relator. "Minha formação é de administradora de empresas. Estou nervosa e não estou me sentindo à vontade. Por isso, chamei um especialista", disse ela.

Logo no início do depoimento, Magda disse que a Prece tinha uma postura agressiva no mercado, correndo mais riscos para obter melhor rentabilidade, mas foi contestada pelo ex-subordinado. "Estou aqui para corrigir algumas distorções cometidas. A postura (da Prece) é moderada e não agressiva", afirmou Martins.

Depois de cerca de uma hora de depoimento aberto, o sub-relator Antonio Carlos Magalhães Neto requereu ao presidente em exercício da comissão, deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA), que transformasse a sessão em reservada, para que Magda Pereira e Paulo Martins pudessem responder a questões relativas aos sigilos quebrados.

O habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal determinou que todas as questões sigilosas fossem tratadas em sessão fechada. Paulo Martins continuou a responder as indagações dos parlamentares na qualidade de "colaborador" de sua ex-diretora.