Encontro reforça convergências entre Brasil e Argentina, diz Amorim

11/01/2006 - 20h28

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Na relação entre Brasil e Argentina, as convergências são muito maiores que as divergências, assegurou hoje o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Tanto é assim, segundo Amorim, que o Brasil foi o primeiro país a ser visitado por Jorge Taiana, novo ministro argentino das Relações Exteriores e Comércio Internacional.

Taiana esteve hoje (11) em Brasília, acompanhado de comitiva do governo argentino, para preparar a visita de Estado do presidente Nestor Kirchner ao Brasil, no próximo dia 18. A agenda incluiu reuniões com Amorim e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Celso Amorim, Argentina e Brasil repassaram os principais temas de interesse bilateral, entre os quais a implementação de um programa de trabalho para os mais de 20 acordos firmados no último dia 30 de novembro entre os dois países. "Todos eles terão que ter continuidade, mas sublinhamos a importância de ter algumas áreas de concentração que tenham grande visibilidade e também grande impacto na estrutura econômica dos dois países", declarou Amorim em coletiva à imprensa ao final das reuniões. O ministro destacou que muitos dos projetos bilaterais devem ser "mercosulizados, no seu devido tempo e com a devida consulta aos nossos sócios do Mercosul".

Também entraram em pauta temas da agenda econômico-comercial, que inclui a renegociação das regras referentes ao comércio de veículos entre os dois países (Acordo Automotivo) e a definição dos termos de uma Cláusula de Adaptação Competitiva (CAC) – mecanismo que restringirá a entrada de certos produtos brasileiros no mercado argentino até que a indústria daquele país recupere competitividade.

Os temas estão sendo tratados pelos dois governos em reuniões esta semana, em Buenos Aires. "A expectativa é de soluções favoráveis que levem em conta tanto o problema das assimetrias quanto a necessidade de manter a competitividade de nosso bloco face ao mundo", disse Amorim. "É um equilíbrio que não é simples. Mas, há uma total boa vontade, não há nenhum espírito protelatório da parte do Brasil. Queremos encontrar efetivamente uma solução", assegurou.

Novidade, levantada na reunião, é uma possível atuação conjunta efetiva junto à Organização Mundial do Comércio. A idéia, segundo Amorim, seria repetir o modelo adotado nas delegações junto ao Conselho de Segurança das nações Unidas. A Argentina conta com um diplomata brasileiro em sua delegação, em reciprocidade à participação de diplomata argentino na delegação brasileira junto ao Conselho no biênio 2004-2005..

"Entre Brasil e Argentina pode haver até divergências, mas não há segredos, então não há nenhum problema numa proximidade deste tipo", afirmou Amorim. Os chanceleres destacaram a cooperação entre a Argentina e o Brasil no âmbito do G20 – grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil e pela Índia – e comprometeram-se a "redobrar esforços" para concluir com êxito a atual rodada de negociações na OMC.

Taiana saiu otimista das reuniões de trabalho no Brasil. "Foi um dia de intercâmbio e planejamento de um trabalho que vamos levar adiante com entusiasmo, confiantes que os interesses compartilhados e as possibilidades de integração vão avançar, vão enriquecer-se e vão levar a uma situação de maior bem estar e maior desenvolvimento para ambos os povos", afirmou.