Depois de ano de retração, indústria têxtil espera ajustes na economia para voltar a crescer em 2006

11/01/2006 - 18h14

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O setor têxtil e de confecções brasileiro teve um 2005 aquém das expectativas para o setor têxtil brasileiro, mas pretende crescer este ano entre 3,5% e 4% caso se confirme uma continuidade na redução da taxa de juros pelo Banco Central, entre outros ajustes na economia. A avaliação é do diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Fernando Pimentel.

Pimentel participou hoje do Fashion Business, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. "Nós tínhamos uma expectativa de crescer o setor em 2005 em torno de 2% a 3%, contra um crescimento de 8% em 2004, e os números preliminares indicam que ele apresentou queda de produção, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE)", disse. A queda da produção no ano passado é estimada em 1,5% no setor têxtil e de 2,5% no setor de confecções.

Segundo o diretor-superintendente da ABIT, esse decréscimo na produção foi gerado por dois fatores principais: juros e câmbio. "Não foi um ano brilhante porque o setor, encaixado nos chamados bens de salário, tem um forte vínculo com o crescimento de empregos e de renda real. E isso não andou dentro das expectativas", afirma ele.

Em relação às exportações do setor, ele afirma que, "se o câmbio sofrer alguns ajustes e o Brasil caminhar na linha de melhorar seus acordos comerciais, as exportações poderão apresentar crescimento máximo em torno de 5%, em 2006".

O empresário diz que a concorrência da China no setor é um problema para todo o mundo. Ele afirma que o Brasil é altamente competitivo, mas lembrou que a China possui uma sobrecapacidade produtiva nesse campo. "O que nós reivindicamos é uma isonomia nessa competição", diz. "A China tem câmbio desvalorizado, carga tributária que é a metade da nossa, infra-estrutura muito mais eficiente, pelo menos na zona litorânea."

Pimentel diz que o setor têxtil e de confecção no Brasil tem investido no país à base de U$ 1 bilhão por ano e, em mais de 11 anos de vigência do Real, apresentou uma inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) Vestuário da Fipe de 15%, contra uma inflação geral de mais de 165%, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor da mesma entidade (INPC-Fipe). "Quer dizer, não só produzimos mais, como produzimos a um custo mais baixo, e com melhor qualidade, e transferimos tudo isso para o consumidor", avaliou.

A adoção de salvaguardas pelo governo federal contra a China pode ser uma solução para essa concorrência considerada desleal. O diretor-superintendente da ABIT informa que o setor pediu salvaguardas para 72 produtos chineses. "O governo continua analisando e nós esperamos que brevemente tenhamos os primeiros pleitos favoráveis nesse sentido", diz Pimentel.