Banco Santos administrava títulos negociados pela Prece, diz gerente da entidade

11/01/2006 - 18h25

Marcos Chagas
Repórter Agência Brasil

Brasília - O gerente de Investimentos do fundo de pensão Prece, Paulo Martins, disse hoje (11), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, que o Banco Santos detinha, até janeiro de 2003, a administração e, ao mesmo tempo, era o precificador dos títulos que a entidade negociava no mercado. Isso significa que a instituição financeira, hoje em processo de liquidação pelo Banco Central, era a gestora do fundo e ao mesmo tempo determinava os preços dos títulos a serem negociados.

Martins informou que, em 2003, depois de "uma apreciação no mercado" chegou ao nome da instituição financeira Mello-Brascan para ser a nova gestora do fundo de pensão. O comitê gestor do fundo, entretanto, teria preterido essa indicação e a escolha acabou recaindo no banco de investimento Quality.

O sub-relator da CPMI, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), estranhou o fato de Martins ter trabalhado no Quality, em 2002, e o banco ter assumido a administração da carteira própria da Prece em 2003, justamente quando ele passou a ocupar o cargo de gerente de Investimento. "O Quality foi escolhido porque não oferecia risco de crédito (não emprestava dinheiro)", afirmou o gerente do fundo de pensão.

Paulo Martins disse que a função de estabelecer os preços dos papéis negociados pelos gestores da Prece passou a ser exercida pelo Banco Itaú. Ele afirmou que, desde 2003, quando assumiu o cargo de gerente de Investimentos, não se recorda de qualquer fato anormal nas operações realizadas com os títulos da carteira de investimentos da Prece.

Questionado pelo sub-relator sobre a "alta rotatividade" de gestores dos fundos próprios da entidade, Martins afirmou que "isso configura que não há qualquer vínculo com os gestores, dá maior transparência e oxigena a carteira".