Vale poderá participar de nova empresa na área de gás natural em Moçambique

10/01/2006 - 18h09

Rio, 10/1/2006 (Agência Brasil - ABr) - Se for positivo o resultado dos estudos que a Petrobras e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) vão realizar na área de gás natural em Moçambique, a Vale poderá participar da nova empresa que vier a ser criada. A afirmação foi feita hoje pelo presidente da CVRD, Roger Agnelli. As duas empresas firmaram memorando de entendimento para avaliar oportunidades de negócios com gás natural em Moçambique

"A Vale está aberta a todo tipo de parceria que venha a gerar valor para os acionistas", disse Agnelli. Segundo ele, a empresa está disposta a estudar, com a Petrobras, até a participação no transporte ou na produção do gás. Ele informou que a viabilidade econômica do projeto será avaliada no momento oportuno. Para Agnelli, este é o primeiro esforço da Vale para viabilizar alguns potenciais de gás. "Estamos buscando acesso ao gás para poder desenvolver alguns projetos da produção mineral (downstream)", afirmou.

As duas empresas brasileiras participarão da exploração do gás de Moçambique através de licitação que o governo daquele país promoverá. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, informou que os estudos que as duas empresas vão realizar em Moçambique para identificar e avaliar oportunidades de negócios na área de gás natural e geração de energia elétrica não têm prazo para serem concluídos.

"Tudo em mineração, em termos de geologia, é no longo prazo", disse Agnelli, explicando que a Vale e a Petrobras vão montar uma agenda de ação, com auxílio do governo moçambicano. Ele destacou o fato de a energia ser, hoje, "problema no mundo inteiro" e observou que gás, petróleo e energia elétrica ficam, a cada dia, mais caros e escassos. Por isso, é preciso ir onde houver novas jazidas e novas reservas, explicou. Segundo o executivo, a internacionalização das ações das duas companhias não elimina o foco de atuação na exploração e produção no Brasil.

Na África, a Petrobras está iniciando atividades exploratórias na Tanzânia, mas ainda não há resultados concretos em termos de produção. Gabrielli disse que a presença da estatal é forte na costa oeste africana, sobretudo na Nigéria, além de Angola, Guiné Equatorial e Líbia, com exploração de petróleo e gás.

Agora, com o memorando com a Vale, a Petrobras pretende construir uma parceria estratégica para o leste da África, que tem geologicamente tradição de gás. "Acreditamos que [a região] pode ter um potencial grande, desde que encontremos alternativas para complementar os interesses dos diversos investidores. Como a Vale já está presente lá na produção siderúrgica, é possível que seja um grande parceiro no desenvolvimento dessa atividade", afirmou.

Agnelli lembrou que a Vale trabalha com carvão em Moçambique e está estudando oportunidades na África do Sul, nas áreas de manganês e minério de ferro. Em Angola, a empresa avalia as áreas de cobre, fosfato, potássio e gás, além de minério de ferro, no Gabão, manganês, e na Guiné, bauxita. "Temos olhado também outros países da África, para iniciar as avaliações de potenciais geológicos. A África é um horizonte positivo para o desenvolvimento de novos projetos no longo prazo", afirmou.