Petrobras estuda possibilidade de exportar álcool para o Japão

10/01/2006 - 6h31

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - A Petrobras vai estudar a viabilidade de exportar álcool combustível para o mercado japonês. A criação da Brazil-Japan Ethanol, uma joint-venture (associação de empresas para explorar determinado negócio) em sociedade com a empresa nipônica Nippon Alcohol Hanbai, permitirá à Petrobras analisar a demanda por álcool para uso veicular naquele país.

"O mercado japonês pode inicialmente consumir 1,8 bilhão de litros por ano e, se anexar 3% à gasolina ou 10%, pode chegar a 6 bilhões de litros por ano. Mas isso não vai acontecer nem hoje, nem amanhã, nem em 2008", afirmou o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ele disse que a prioridade para a Petrobras é o mercado interno. Segundo ele, a exportação da estatal exigirá aumento da área plantada em torno de 40% e de 40% da capacidade que as usinas têm hoje.

"Primeiro, eu tenho que saber se tem comprador de álcool lá (no Japão). Depois eu vou ter que saber se vai haver produção aqui e fazer uma operação casada". Ele deixou claro, porém, que a Petrobras não participará, em nenhuma hipótese, desses dois segmentos (plantação e usinas).

De acordo com o executivo, a exportação para o Japão será positiva por se tratar de uma operação comercial, que precisará de contrato longo prazo, além de trazer benefícios para o Brasil através do aumento da exportação, geração de empregos e equipamentos. "Para o Brasil vai aumentar as atividades industrial e agrícola", afirmou.

Segundo revelou o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, a exportação de álcool da companhia para a Venezuela em 2005 alcançou 50 mil metros cúbicos, ou 50 milhões de litros. Essa é uma quantidade ainda reduzida em comparação ao volume exportado pelo Brasil em 2004, que atingiu 2,5 bilhões de litros, avaliou Costa. A empresa está negociando atualmente contrato para prazo mais longo com aquele país, para substituição do chumbo usado na gasolina, produto muito prejudicial ao meio ambiente e à saúde, pelo álcool.

"A intenção da Venezuela é, a médio e longo prazos, ter lá a plantação de cana ou outro produto e ter as usinas também no país para produção local do álcool", informou. Costa afirmou que isso será interessante para o Brasil, porque implicará a venda de tecnologia brasileira de plantação e de usinas para processamento.

A estatal pretende também em 2006 colocar álcool no mercado da Nigéria, na África, como aprendizado para avaliar a demanda, salientou o diretor. A expectativa é de que as exportações de álcool da Petrobras alcancem em 2006 entre 200 e 250 milhões de litros, resultado ainda considerado modesto em relação ao total exportado pelo país em 2004, avaliou Costa.

O diretor reiterou que o assunto abastecimento de álcool não é competência da Petrobras, mas do Ministério de Minas e Energia e dos produtores. "A Petrobrás não produz nem mistura o álcool", frisou.