Flavia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Representantes de 14 fundos de pensão se reuniram hoje em São Paulo para contestar as acusações feitas pelo deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. Os dirigentes dos fundos enfatizaram que em nenhum momento foram comunicados sobre a metodologia e os critérios utilizados para a realização da análise, embora tenham pedido à CPMI.
ACM Neto disse que, após analisar 630 mil operações, no período de 2000 a 2005, concluiu que os fundos teriam abastecido o "valerioduto", esquema de repasse de recursos destinados a políticos e operado pelo empresário mineiro Marcos Valério de Souza. Ele apontou perdas no sistema de previdência complementar da ordem de mais de R$ 700 milhões.
"Estamos pedindo todos os levantamentos porque nós não sabemos origem nem metodologia das informações que saíram na imprensa. Estamos procurando a todos [ Câmara, Senado e CPMI] porque temos a obrigação de informar", disse o presidente da Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Fernando Pimentel.
Pimentel afirmou não entender o por que de se apontar os fundos de pensão como um investimento de alto risco. De acordo com ele, o setor tem 300 bilhões de poupanças previdenciárias que são "muito bem administradas pelas empresas".
O presidente do Fundo de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), Sérgio Rosa – que também contestou as acusações da CPMI dos Correios de que os fundos de pensão teriam tido prejuízos –, afirmou ter dado todos os esclarecimentos à CPMI. "Tivemos 63 requerimentos de informações dos mais variados órgãos e pudemos esclarecer todas. As operações foram feitas dentro dos parâmetros legais e de defesa do patrimônio dos participantes", completou.
De acordo com ele, a Previ fechou o ano de 2005 com R$ 4,5 bilhões em benefícios pagos, cerca de 80 mil assistidos, além de atingir a adesão de 82% dos novos funcionários do banco aderindo aos planos de previdência.
Rosa reforçou que a Previ se colocou à disposição da CPMI e que também solicitou informações sobre os números divulgados."Nós não temos conhecimento de como se chegou a essa conclusão, portanto, ficamos sem saber como contestá-los ou respondê-los."
O presidente do Núcleos (fundo de pensão de funcionários de estatais do ramo de energia nuclear), Marcos Elias, confirmou que a empresa registrou prejuízo de R$ 36 milhões em 2005. Desses, R$ 22,7 milhões são referentes a operações de títulos públicos.
Contudo, ele explicou que as apurações da empresa não estão relacionadas com nenhum dos pontos em discussão na CPMI. "Nós assumimos a gestão do fundo, entendemos que algo de equivocado na área de investimento teria acontecido e por obrigação legal apuramos esses indícios. Resolvemos auditar e descobrimos um pressuposto de um desvio de recursos", relatou.
Elias disse ainda que o Núcleos não tem idéia de quem está envolvido nesse processo e o que ocorreu com o valor desviado. Reafirmou que o fundo contratou uma empresa para fazer uma auditoria e promoveu uma ação indenizatória contra ex-dirigentes do Núcleos.