Autores de incêndio em ônibus no Rio não tinham intenção de matar, conclui polícia

10/01/2006 - 20h20

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio – As pessoas que queimaram o ônibus 350, na Penha, zona norte carioca, não tinham a intenção de matar os passageiros, mas apenas de incendiar o veículo. A conclusão é do inquérito da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil fluminense, que será entregue amanhã ao Ministério Público Estadual. O crime ocorreu em em novembro passado.

Segundo a chefe de investigações da delegacia, inspetora Marina Maggessi, as cinco mortes resultaram de um ataque mal planejado. "Quando eles entraram no ônibus, eles tiraram o motorista para que ele não morresse e mandaram as pessoas para o fundo do ônibus para que elas saltassem. A porta de trás é a porta para se saltar do ônibus. O que eles não sabiam era que a porta estava trancada", disse.

Segundo ela, a confusão teria ainda aumentado quando um dos oito acusados de colocar o fogo tentou assaltar a cobradora do ônibus, depois da gasolina já ter sido despejada. Em meio ao tumulto, as outras pessoas teriam riscado o fósforo. "A cobradora, como não viu arma, pensou que era só um assalto e começou a brigar com ele. Daí, os caras riscaram o fósforo, sem se dar conta que ainda havia um comparsa deles lá dentro. Mas não houve vontade de matar, não houve ninguém na porta (impedindo a saída). O que houve foi uma fatalidade", afirmou Marina.

A inspetora confirmou ainda que o ataque teria sido uma represália à morte de um traficante da região da Penha, no dia 29 de novembro, mesmo dia do incêndio. Os mandantes teriam sido, segundo o inquérito, o presidente da Associação de Moradores da comunidade de Vila Piquiri, conhecido como Beto, e Anderson Gonçalves dos Santos, o Lorde, apontado como chefe do narcotráfico da região.

"O presidente da Associação de Moradores ligou para Lorde dizendo que tinha que fazer uma manifestação, ou seja, queimar o ônibus, o que Lorde concordou. O presidente da Associação de Moradores foi ao Lorde, pegou o dinheiro da gasolina, comprou a gasolina, convocou algumas pessoas para a Associação de Moradores, distribuiu a gasolina e mandou descer para tocar fogo no ônibus", afirma a inspetora.

Segundo Marina Maggessi, dos onze acusados da participação no crime, seis estão presos. Quatro suspeitos foram mortos por traficantes da região em repúdio ao incêndio e um está foragido.