Brasil deveria trocar soldados por médicos e professores no Haiti, diz ativista

09/01/2006 - 17h01

Daniel Merli
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O governo brasileiro deveria "aproveitar a crise provocada pela morte trágica do general Urano Bacellar para transformar a missão em uma força de solidariedade ativa", defende Camille Chalmers, professor de economia na Univesidade Estatal do Haiti. O haitiano também é secretário-executivo da organização Plataforma por uma Alternativa de Desenvolvimento Sustentável.

O professor considera que a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) não cumpriu nenhum de seus objetivos no Haiti. Quando foi criada, a missão definiu três metas: garantir o respeito aos direitos humanos, a estabilidade política e o desenvolvimento econômico do país. Diante do que considera um fracasso, Chalmers defende que o governo brasileiro substitua a força militar por apoio nas áreas de saúde e educação.

Chalmers considera que o governo brasileiro deveria "tentar resolver os problemas sociais e econômicos muito graves que estamos vivendo aqui". Segundo ele, a miséria é "o miolo da crise social haitiana" e a força da Minustah não ajuda a construir a segurança do país.

"A presença militar aqui é um fracasso total", disse, em entrevista por telefone à Agência Brasil. Chalmers considera "escandaloso que a Minustah consume US$ 25 milhões por mês em um país tão pobre como o Haiti". O ativista acredita que seria mais eficiente para a segurança do país aplicar dinheiro na reconstituição das forças policiais.

Hoje, o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, descartou a possibilidade do Brasil deixar o comando da força militar da missão da Organização das Nações Unidas no Haiti (Minustah). "Nós não podemos de forma alguma, nem mesmo questionar, a missão. Não podemos recuar de forma alguma", disse, em entrevista coletiva.