Estrutura para produção de vacina contra gripe do frango deve estar pronta em 60 dias, diz Butantan

06/01/2006 - 18h24

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo- O presidente do Instituto Butantan de São Paulo, Isaias Raw, disse hoje (6) que dentro de 60 dias o Brasil deverá ter a infra-estrutura necessária para começar a produzir a vacina contra a influenza aviária, também conhecida como a gripe do frango.

O medicamento deverá ser desenvolvido pela entidade, que é vinculada à Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo. De acordo com o presidente do instituto, Isaias Raw, a idéia é criar um estoque de 20 mil doses do produto ainda este ano. Esta semana, a entidade recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) a cepa (amostras do vírus) do subtipo H5N1, causador da doença.

Segundo Raw, como não haverá produção de medicamento suficiente para a imunização geral da população, a aplicação deverá ocorrer de forma estratégica. Ou seja, a prioridade deverá ser dada aos mais suscetíveis em contrair o vírus, pessoas que de alguma maneira que tiveram contato com as áreas infectadas ou pessoas doentes e profissionais expostos à doença.

O Brasil integra, junto com o Canadá, os Estados Unidos, a Inglaterra, a França e a Bélgica, a rede internacional criada para formar um cerco estratégico contra a disseminação do vírus que, de acordo com Raw, causou a morte de metade da população infectada em quatro países da Ásia - até dezembro último, o número de casos diagnosticados naquele continente pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) chegou a cerca de 130.

Raw informou também que no momento estão sendo feitas as adaptações em um antigo prédio do instituto para, no mais tardar até março, terem início os ensaios laboratoriais. O espaço faz parte do projeto de desenvolvimento da primeira fábrica de vacinas contra gripe comum do Hemisfério Sul. Para tanto, estão sendo investidos cerca de R$ 49 milhões, dos quais R$ 30 milhões devem ser aportes do Ministério da Saúde.

Para obter a vacina contra a gripe do frango, os técnicos inoculam as amostras do vírus em um ovo com embrião, repetindo o ciclo de reprodução da ave. Nesse estágio da formação, é retirado o líquido do qual o vírus será isolado e dividido em partículas a serem usadas na produção do medicamento.

Até o momento, nenhum caso de transmissão de pessoa para pessoa foi registrado no mundo, apenas de aves para seres humanos. No Brasil, não há nenhum registro da doença.