Adição de corante laranja ao álcool anidro vai reduzir índices de fraude, diz dirigente da ANP

05/01/2006 - 17h35

Rio, 5/1/2006 (Agência Brasil - ABr) - O superintendente de Abastecimento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Roberto Ardenghy, afirmou que a adição de um corante de cor laranja ao álcool anidro vai reduzir os índices de adulteração do produto que atingiram, no ano passado, 6,7% no país. A resolução da ANP que determina o uso do corante de cor laranja entra em vigor amanhã (6).

Em alguns estados, como Alagoas, Rio de Janeiro, Paraíba e São Paulo, a fraude no álcool anidro atingiu picos de 33%, 15%, 13% e 11%, respectivamente, revelou Ardenghy. Segundo ele, o combate da ANP à máfia da adulteração de combustíveis é permanente.

No ano passado, a agência concentrou a ação em cima do solvente, "tradicional adulterador da gasolina". Como a ANP reduziu, então, as importações de solventes e as cotas das empresas, intensificando a fiscalização, "o pessoal passou para o álcool", lembrou Ardenghy. "Então, nós identificamos, desde o ano passado, uma verdadeira debandada para a questão do álcool molhado", completou.

O superintendente de Abastecimento da ANP destacou que o consumo do álcool aumentou muito por causa da produção do chamado carro flex, que pode ser abastecido tanto por gasolina quanto por álcool. De acordo com ele, já existem mais de um milhão de carros flex no Brasil. "E esse pessoal da máfia viu uma oportunidade para ir para o álcool, já que a ANP está apertando a gasolina. Então, os índices de adulteração do álcool começaram a subir".

A adição do corante laranja ao álcool anidro é, segundo Ardenghy, "a resposta do governo a essa atitude. Nós agora vamos combater isso com essa medida, que é uma medida simples". Em caso de denúncia dos consumidores, a fiscalização da ANP será acionada, disse Ardenghy.

De acordo com ele, o Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis calcula que, só em termos de evasão fiscal, o governo deixa de arrecadar R$ 2,1 bilhões por ano em impostos, sem contar os prejuízos ao consumidor, que são difíceis de mensurar.