Ministro australiano defende reforma do Conselho de Segurança da ONU

04/01/2006 - 20h41

Michèlle Canes
Da Agência Brasil

Brasília – O ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Alexandre Downer, se disse que é a favor da participação do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o ministro australiano a reforma do conselho é necessária para que a organização se atualize ao mundo atual. Downer esteve na tarde de hoje (4) no Ministério das Relações Exteriores.

"Acho que a reforma é necessária. A comunidade internacional deve pressionar para que isso aconteça porque precisamos de um conselho que represente o mundo atual. Não temos o mesmo mundo de 1945 (ano em que foi fundada a ONU). Por isso defendo a entrada do Brasil, Japão e algum país da África porque é assim que o mundo atual é", disse Downer.

O Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que os dois países partilham de alguns pontos de vista. "Quanto à agenda internacional, eu diria que as nossas visões sobre as Nações Unidas, sobre o multilateralismo, inclusive a necessidade da reforma do conselho de segurança e de outros órgãos das Nações Unidas também, que ela é muito similar". Segundo o ministro brasileiro, ampliar o conselho de segurança pode ser uma maneira de democratiza a ONU. "É importante que as reformas sejam feitas de maneira a tornar a Organização mais democrática. Por vezes se ouve criticas ate mesmo sobre a reforma do conselho de segurança, que os países estão querendo mais privilégios. Não se trata disso. Ampliar os números de países membros do conselho de segurança é uma das maneiras de ampliar os espaços democráticos" afirma.

Quanto ao papel da ONU nos atuais conflitos mundiais, o ministro da Austrália disse que a organização não vai resolver todos os problemas mas que a mesma deve proteger vidas. "Há uma conscientização dos países membros de que há um mínimo de responsabilidade. Sabemos que a Onu não vai resolver tudo, os países também têm que lidar com os seus problemas e essa cooperação é importante" afirmou.

Para Amorim, os dois países têm atuado positivamente e cooperado com a solução de outros conflitos. "A Austrália teve um papel importante no Timor Leste, o Brasil teve uma importante participação na Angola e agora, no Haiti". Amorim disse ainda que o Brasil tem uma atuação clara na área de direitos humanos. "No caso dos direitos humanos, o Brasil foi quem propôs uma resolução na Comissão de Direitos Humanos na qual diz que o racismo é incompatível com a democracia por exemplo".