Governo deveria reduzir mistura de álcool na gasolina, sugere representante de postos de gasolina

04/01/2006 - 17h30

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes(Fecombustíveis), Gil Siuffo, enviou hoje ao ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, uma proposta de solução para o reajuste do álcool combustível. Siuffo sugere a redução para 20% do índice de mistura do álcool anidro na gasolina. O índice foi elevado para 25% há cerca de dois anos, numa situação emergencial, para atender aos produtores, uma vez que "a demanda estava pequena e os preços muito baixos". Gil Siuffo informou que o álcool, naquela época, estava cotado a R$ 0,40.

"Se o álcool agora tem uma demanda muito grande, como eles(usineiros) alegam, e por isso aumentam o preço, o governo então reduz a mistura de 25% para 20% e acaba com o problema. Garanto que o preço baixa no dia seguinte", apostou o presidente da Fecombustiveis. A redução do índice de mistura do álcool anidro na gasolina seria o caminho mais fácil para resolver o problema do reajuste do álcool nos postos para o consumidor. "Resolve todos os problemas, inclusive de falta de estoque regulador", argumentou o presidente da entidade.

A quebra de 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do país, que diminuiu a expectativa de produção de álcool de 15 bilhões de litros para 14,4 bilhões, determinou em grande parte o recente aumento do preço do álcool, avaliou a União de Agroindústria Canavieira de São Paulo(Unica). Segundo a Fecombustíveis, a alta do álcool para o consumidor nos postos teria alcançado 6% somente nos primeiros dias de janeiro de 2006, enquanto o preço da gasolina experimentou crescimento de 2% no mesmo período. No ano passado, o álcool subiu nas bombas 29%, disse Gil Siuffo.

O diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, explicou que essa quebra da produção reduziu a oferta de álcool na entressafra, o que levou os usineiros a recorrerem à produção da nova safra em abril deste ano. Ele indicou que faltam mecanismos, entre os quais estoques reguladores, para reduzir a volatilidade do preço do álcool entre a safra e a entressafra.

Dados levantados pelo Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do município do Rio de Janeiro(Sindcomb) revelam que no período de setembro de 2005 até hoje, o preço do álcool das distribuidoras para os postos aumentou 52%, contra uma inflação inferior a 6%. O preço do álcool hidratado nos postos evoluiu de R$ 1,19, em setembro do ano passado, para R$ 1,81, no último dia 2.