Amorim pede "impulso político" dos líderes para que haja avanços nas negociações da OMC

04/01/2006 - 18h51

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje que será preciso impulso político para que as negociações avancem no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Uma possibilidade seria a realização, ainda em janeiro, de reunião entre chefes de estado – sugestão já proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a diversos líderes, entre eles o presidente norte-americano, George Bush, e o primeiro-ministro inglês, Tony Blair.

"Se esse impulso político puder ocorrer sem a necessidade de uma reunião, melhor. Mas se for necessário, não devemos hesitar. Não podemos permitir que as limitações, que são naturais para ministros e negociadores, impeçam que se avance em algo que é tão crucial para todo o mundo, em especial para os países pobres", afirmou Amorim após reunião de trabalho com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Alexander, Downer.

Segundo Amorim, sua "impressão" é que não há mais margem de manobra para negociadores e comissários. "São decisões realmente difíceis que têm que ser tomadas, especialmente por aqueles que estão mais relutantes em acesso a mercados."

Amorim destacou que os argumentos da União Européia para não abrir mercado a produtos agrícolas estão, pouco a pouco, perdendo sua legitimidade. Como exemplo, citou a colocação de que a abertura do mercado europeu afetaria países pobres da África, hoje beneficiados com preferências nesses mercados.

"Esses argumentos, depois de Hong Kong, já não têm sustentação uma vez que esses países pobres da África, da Ásia e de outros lugares pediram também progressos maiores em Agricultura", lembrou. "Acho que, agora, é uma questão realmente de termos algum tipo de impulso político."

Celso Amorim disse que seria precipitado falar, neste momento, em data e local para uma reunião de líderes. Mas destacou: "O momento tem que ser logo, senão não tem influência na própria engrenagem das negociações".

A atual rodada de negociações foi lançada em 2001, em Doha, no Catar, com o objetivo de estabelecer regras de comércio que favorecem o desenvolvimento. A agricultura está no centro da rodada, tema que ficou de fora das negociações anteriores.

Em pauta estão o fim dos subsídios domésticos e à exportação e o acesso a mercados. Até agora, porém, o único avanço foi a fixação do ano de 2013 para a total eliminação dos subsídios à exportação – acordo fechado durante a 6ª Reunião Ministerial da OMC, realizada de 13 a 18 de dezembro passado, em Hong Kong.