Integrante do Fórum diz que Venezuela foi escolhida por ser exemplo anti-neoliberal

01/01/2006 - 14h08

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O fato de ser "o mais exemplar dos esforços pela superação do neoliberalismo" fez com que a Venezuela fosse escolhida para sediar a edição americana do Fórum Social Mundial (FSM). A avaliação é do paraguaio Gustavo Codas, um dos integrantes do Comitê Organizador do Fórum.

Codas representa a Central Única dos Trabalhores (CUT) no comitê. Em 2006, o FSM vai ser realizado em três locais: na África em Bamako, capital de Mali, e na Ásia, em Karachi, cidade paquistanesa. O Fórum é um encontro anual organizado pela sociedade civil para discutir a luta pela democratização da política e da economia.

A estimativa do Comitê é que o Fórum receba, em Caracas, aproximadamente 80 mil pessoas. Esse número pode chegar ainda a 150 mil nos dias de marchas e eventos culturais. "Também estamos prevendo grandes delegações dos Estados Unidos e do Brasil. Provavelmente teremos cerca de 5 mil pessoas vindas de cada um desses países", disse Codas.

Mas a Colômbia deve ser o país que levará o maior número de participantes a Caracas, capital venezuelana. A expectativa é que 8 a 10 mil colombianos participem do evento, entre os dias 24 e 29 de janeiro.

A grande participação dos colombianos, segundo Codas, se deve a relação do povo com os venezuelanos. "Houve no passado recente uma série de conflitos entre os governos. Tivemos um cuidado e um estímulo que houvesse uma grande participação colombiana, demonstrando justamente a unidade dos dois povos, que supera as questões que possam estar envolvidas entre os governos", disse.

De acordo com Codas, alguns brasileiros encontram dificuldades para participar do Fórum por causa da distância. "A organização no Brasil enfrenta dificuldades pelo tamanho do país. Estamos contando com uma forte participação dos estados do Norte, que devem ir até Caracas em caravanas de ônibus", explicou. Ele destacou ainda que algumas organizações da sociedade civil já organizam pacotes aéreos. "Espero que a nossa expectativa de 5 mil brasileiros seja superada", disse.

Codas afirmou que estão previstas, para o Fórum, 2 mil atividades, entre seminários, oficinas, encontros e eventos culturais. "Vamos começar no dia 24 de janeiro com uma grande manifestação referente ao tema da luta contra a guerra e as bases militares norte-americanas na região", destacou. Ele disse que o Fórum deve contar com a presença do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e de outros chefes de estado.

Segundo o organizador, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ainda não confirmou a presença no evento. "O presidente Lula, antes de ser presidente, é uma pessoa que tem uma participação importante no processo de constituição do Fórum Social Mundial. É uma presença esperada para Caracas, mas ainda não temos confirmação sobre sua participação", concluiu.