Endocrinologista alerta para incidência de tireoidites devido ao excesso de iodo no sal

12/12/2005 - 21h17

Bianca Paiva
Da Agência Brasil

Brasília – Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)constatou que o excesso de iodo no sal de cozinha – comercializado entre os anos de 1998 e 2003 – pode ter provocado o aumento dos casos de doenças na glândula tireóide.

Entre 2001 e 2002, na pesquisa batizada de Projeto Thyromobil, foram examinadas 2.089 crianças de oito estados (entre 7 e 14 anos). Constatou-se que 70% delas tinham excesso de iodo na urina.

Outra pesquisa, feita em 2004, com 879 crianças de São Paulo, mostrou que 57% delas também estavam com excesso de iodo na urina. No mesmo ano, outro levantamento em duas áreas da Grande São Paulo (São Bernardo do Campo e área vicinal do Pólo Petroquímico de Capuava- Mauá, Capuava e Santo André) comprovou que quase 18% das 829 pessoas examinadas, entre 20 e 70 anos, apresentaram Tireoidite Crônica Auto-Imune.

Segundo o endocrinologista e professor da USP, Geraldo Medeiros Neto, responsável pela pesquisa, a doença, também conhecida como tireoidite de Hashimoto, produz anticorpos contra a própria glândula. Isso pode levar ao aumento do seu volume (bócio) e à diminuição do seu funcionamento (hipotireoidismo).

"Existe a suposição de que esse excesso de iodo possa fazer aparecerem, com uma freqüência maior, casos de inflamação crônica da tireóide. Mas, essa bomba de efeito retardado só vai aparecer mais tarde, e nas pessoas que têm uma genética predisponente para doenças de tireóide", afirmou.

Em 1998, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o acréscimo de 40 a 100 miligramas de iodo por quilo de sal (mg/kg). O valor anterior era de 40 a 60 mg/kg. Em 2003, a Anvisa reduziu novamente o teor de iodo para 20 -60 mg/kg de sal.