Amorim defende que países do Mercosul possam participar de concorrência públicas no Brasil

01/12/2005 - 22h07

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defende que o Brasil deve abrir suas compras governamentais prioritariamente para o Mercosul. "Não tem sentido nós tratarmos o Mercosul como qualquer outro fornecedor estrangeiro e há muita resistência burocrática nisso, é muito difícil avançar nestas questões", disse. Amorim participou hoje (1º) da última reunião de 2005 do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

O ministro reafirmou que a integração da América do Sul é prioridade na política externa brasileira. "É importante que o Brasil dispute o jogo dentro de sua liga", sintetizou. Amorim destacou que a América do Sul absorve 17% das exportações brasileiras e 91% das vendas de manufaturados.

A recíproca não é verdadeira. "Precisamos é ter um pouco mais de generosidade, sobretudo com os mais pobres, como Uruguai e Paraguai", enfatizou. "O Mercosul ainda não mostrou, na prática, a sua capacidade de ajudar o desenvolvimento dos países menores."

Ele também sugeriu que o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) invista recursos não aplicados no Brasil em outros países do Mercosul – em joint-ventures, por exemplo.

O encontro de ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente argentino Nestor Kirchner, em Puerto Iguazu, mereceu destque na fala de Amorim. Segundo ele, a reunião aconteceu em um momento "de grande relevância" para as relações entre Brasil e Argentina, com revitalização da "parceria estratégica" entre os dois países.

Na ocasião foram assinados 24 acordos bilaterais de cooperação em áreas como energia nuclear, controle e monitoramento de meio ambiente por satélite, vistos de trabalho e até trânsito de populações fronteiriças. "Foi um momento extraordinário que se insere no processo de fortalecimento do Mercosul e de integração da América do Sul", resumiu.