Avanços na OMC dependerão da União Européia, diz Amorim

29/11/2005 - 22h04

Brasília, 29/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - Se a União Européia não apresentar uma proposta melhor de abertura de mercado para produtos agrícolas nos próximos dias, a 6ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que se realizará de 11 a 16 de dezembro em Hong Kong, na China, poderá repetir o fracasso da Cúpula de Cancun, em 2003. "Estamos em uma situação delicada na Rodada", afirmou hoje (29) o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após audiência pública na Câmara dos Deputados. "A reunião será certamente interessante, não sei se edificante", resumiu.

O chanceler disse que não está "desesperançado", pois há uma "consciência geral de que as negociações comerciais multilaterais são importantes demais para que possamos deixar que fracassem". Destacou, no entanto, que faltou um elemento na engrenagem das negociações agrícolas e, segundo ele, a agricultura é a "locomotiva", o "motor" da Rodada de Doha.
"Nosso principal objetivo é a eliminação dos subsídios à exportação e a redução substancial dos subsídios internos. Também temos interesse em acesso a mercados", informou. O acesso a mercados, segundo ele, é elemento necessário para que os outros funcionem.

Amorim explicou que a União Européia reclamava dos Estados Unidos, por não terem tomado qualquer iniciativa de cortar subsídios e, por isso, não abriria seus mercados. Em outubro, porém, os americanos apresentaram uma proposta para corte de subsídios internos. "É um movimento que todos os que estamos interessados consideramos relevante. Certamente insuficiente, mas deram um passo que vai constranger a capacidade americana de dar subsídios livremente", relatou o ministro.

Novos avanços, porém, dependem de acesso a mercados. "É fundamental que a União Européia faça o movimento de acesso a mercados, e esse é o movimento que não houve. A União Européia fez uma oferta muito modesta, inferior às reduções que ocorreram na Rodada Uruguai", avaliou o ministro. "No momento, precisamos que essa peça da engrenagem comece a girar. Se não houver esse avanço, não haverá conclusão", sintetizou.