Alencar aponta luta por justiça social como o próximo passo da agenda da democracia no país

15/11/2005 - 18h54

Pedro Biondi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Reconciliar a democracia política com a democracia econômica e social é o próximo passo da agenda republicana no Brasil. A afirmação é do vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar. Ele participou hoje (15), em Maceió, capital alagoana, da inauguração do Memorial à República, representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O regime republicano entre nós ainda não superou o antagonismo entre a universalização de direitos que ele prescreve e a profunda desigualdade da estrutura socioeconômica de que somos feitos", comentou o vice-presidente.

Em seu discurso, Alencar citou momentos da história do Brasil, como a luta abolicionista e a Constituinte de 1988, com referências à participação de Alagoas neles. Lembrou os dois primeiros presidentes do país, os alagoanos Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Também elogiou a resistência de Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, localizado onde atualmente está o estado de Alagoas. Apontou a Proclamação da República como um "divisor de águas" na vida nacional, por anunciar "que o princípio do Direito e da Justiça está acima da compaixão e do favor".

Ao passar para o momento atual, José Alencar falou sobre o governo Lula. Ele "quer assegurar a todos os brasileiros um mesmo ponto de partida", afirmou o vice-presidente. "Igual na dignidade de não passar fome, igual no direito de ter acesso à educação, igual na construção de um futuro que não seja apenas de sobrevivência, mas também de liberdade e de viver melhor".

Alencar listou realizações do governo. "Um ano e sete meses de nossas exportações já são suficientes para pagar a dívida externa; em 2002 eram necessários três anos e meio para atingir esse objetivo", iniciou. Sempre em comparação com governos ou períodos anteriores, falou sobre as reservas nacionais – "atingiram US$ 61 bilhões de dólares, quase quatro vezes o montante disponível em 2002"; citou a taxa de desemprego – "recuou de 11,7% em 2002 para 9,4%"; o salário mínimo – "compra hoje quase duas cestas básicas; nos anos 90 a aquisição de uma única cesta consumia quase 70%". Ao tratar das políticas sociais, afirmou que a área é encarada como investimento republicano e que, por isso, seus recursos cresceram 31% frente a 2001/2002.

O vice-presidente deu destaque ao Fome Zero. "Sessenta por cento das famílias pobres nordestinas, quase 3 milhões de lares humildes, têm acesso garantido ao programa através do seu principal instrumento, o Bolsa Família", disse. "Cinqüenta milhões de brasileiros que foram esquecidos pela República durante décadas terão direito a uma renda mínima até dezembro de 2006."

Num apelo aos jovens, para que não se desencantem com a crise política, José Alencar concluiu: "Não acreditem nos que anunciam o funeral da esperança. O grande salto republicano está ao alcance de nossa mão neste novo ciclo de desenvolvimento. Ele veio para honrar o emblema da nossa bandeira e dar aos brasileiros, de uma vez por todas, o direito de dizer: nesta república a Ordem é justa porque o Progresso, finalmente, é para todos."