Pesquisadoras gaúchas lançam estudo sobre abelhas nativas sem ferrão

13/11/2005 - 17h02

Porto Alegre, 13/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - A Fundação de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (Fepagro) e a Pontifícia Universidade Católica do Estado (PUC-RS) lançam, na próxima quinta-feira (17), uma pesquisa inédita sobre abelhas nativas sem ferrão. Segundo as pesquisadoras da Fepagro Sidia Witter, Betina Blochtein e Camila dos Santos, o trabalho pretende incentivar o resgate ambiental e sugerir alternativas aos produtores rurais gaúchos.

"O nome popular de abelhas sem ferrão deve-se ao fato de os insetos possuírem ferrão atrofiado e não o usarem para defesa. Para defender suas colônias, elas constroem ninhos em locais de difícil acesso", explicam as pesquisadoras. Algumas espécies têm estratégias ainda mais sofisticadas, dizem as estudiosas: "A Patamona testacea, por exemplo, faz um falso ninho e oculta o verdadeiro para enganar os inimigos naturais. Já a espécie Mirim saiqui reveste a entrada do ninho com própolis e, em situação de perigo, lança porções do líquido em consistência pegajosa contra o intruso".

Nativas de regiões tropicais e subtropicais do planeta, as abelhas eram e ainda são usadas pelos índios para a produção de mel, mas desempenham um outro papel importante: a manutenção das vegetações naturais, aumento da produção agrícola e equilíbrio do ecossistema com a polinização de plantas.

O boletim técnico "Abelhas sem Ferrão do Rio Grande do Sul" apresenta as espécies nativas mais comuns do território gaúcho. Destacam-se a guiruçu e manduri, mais comuns em localidades da serra, a jataí da terra, mais presente no litoral norte, a borá, da região de Santa Rosa, e a Mirim de chão ou bieira, freqüente em parte das regiões da Campanha e do litoral sul.

Além dos detalhes sobre as espécies gaúchas, consideradas em ameaça de extinção, as biólogas relatam na publicação as técnicas de meliponicultura, como é chamada a criação racional de abelhas sem ferrão. O boletim traz dicas de instalação das caixas para abrigar ninhos até orientações sobre colheita, pasteurização e conservação do mel.

Outro ponto abordado é o papel das abelhas na polinização das culturas. De acordo com as pesquisadoras, aproximadamente 30% do alimento humano é proveniente de plantas polinizadas por abelhas. "Os polinizadores nativos precisam ser protegidos e as práticas agrícolas devem incorporar formas de manejo sustentável das espécies", recomendam.