Pesquisas mostram que política do desarmamento reduziu mortes por arma de fogo

21/10/2005 - 19h35

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Três pesquisas recentes mostram que a política de desarmamento implantada no país a partir de 2004 ajudou a reduzir o número de mortes por armas de fogo e o número de internações no Sistema Único de Saúde (SUS).

A primeira pesquisa, produzida pelo Ministério da Saúde, foi baseada num cruzamento de dados do Sistema de Informações sobre a Mortalidade com o número de armas recolhidas durante a Campanha do Desarmamento. O estudo, divulgado em setembro, aponta que foram poupadas 3.234 vidas em 2004 em relação ao ano de 2003 pela redução do uso de armas de fogo.

A segunda pesquisa, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em parceria com Ministério da Saúde e Ministério da Justiça, chamada de "Vidas Poupadas - o impacto do desarmamento no Brasil", afirma que sem a Campanha e o Estatuto do Desarmamento, 5.563 pessoas teriam morrido no país em 2004 vítimas de armas de fogo.

Uma última pesquisa, intitulada "Impacto da Política de Desarmamento na Internação por Arma de Fogo" foi divulgada em outubro pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. O estudo mostra que as internações por armas de fogo caíram 13% em 2004 em relação a 2003, o que representou menos 869 pessoas feridas por bala atendidas nas unidades públicas de saúde.

A primeira pesquisa, que utilizou dados do Sistema de Mortalidade, mostra que houve uma redução no número de mortes por arma de 8,2% em 2004 em relação a 2003. Já a segunda pesquisa, revela que o número de mortes caiu 15,4% no mesmo período, contrariando uma tendência de crescimento médio de 7,2% ao ano registradas de 1999 a 2003. Segundo o estudo da Unesco, essa foi a primeira vez em 13 anos que o país registrou queda nessa estatística.

Os dados da Unesco atribuem a queda no número de mortes à Campanha do Desarmamento, iniciada em 15 de julho de 2004. O estudo afirma que quando a gratificação pela entrega de armas teve início, foi registrada queda de 18,4% no número de vítimas em relação a 2003.

As informações do Ministério da Saúde apontaram que São Paulo foi o estado brasileiro com maior redução no número de mortes. Foram 1.960 a menos em 2004 em relação a 2003, uma queda de 19%, parecida com a média nacional que aparece na pesquisa da Unesco. O Rio de Janeiro foi o segundo estado com maior redução no número de mortes, com 672 a menos. No total, o número de mortes por armas de fogo caiu em 18 estados da federação.

O estudo sobre internações também relaciona a queda acentuada das internações com a Campanha do Desarmamento. A pesquisa mostra que os estados com alto recolhimento de armas de fogo apresentaram queda mais acentuada das internações a partir de julho de 2004, quando teve início a entrega voluntária de armas. No Espírito Santo, por exemplo, onde foi baixa a adesão à campanha do desarmamento, não houve redução das internações por armas de fogo.