<i>Diálogo Brasil</i> lembra 30 anos da morte de Vladimir Herzog

19/10/2005 - 23h15

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília – "Vladimir Herzog, sua morte não foi em vão", afirmou hoje (19),o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) durante o programa Diálogo Brasil. O tema do debate desta quarta-feira são os trinta anos da morte do jornalista preso e torturado na época da ditadura.Greenhalgh ressaltou, no estúdio da TV Nacional, em Brasília, que foram milhares de pessoas presas nesse período. A morte de Vladimir foi, segundo ele, a morte não tolerada.

Também no estúdio da TV Nacional, o professor Antonio José Barbosa, do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que aparte da tortura, a morte de Herzog possui um aspecto pedagógico. Para ele, todas as ditaduras se impõem impondo o medo e a morte do jornalista libertou o medo de uma parcela considerável da sociedade civil brasileira. Segundo o professor, a.missa na Catedral da Sé em São Paulo, em homenagem a Herzog, trouxe uma imagem de libertação:"Transcende a sensação de que a sociedade brasileira no seu conjunto estava se liberando de um medo". O regime militar, disse ele, nunca mais foi o mesmo desde então.

Já em São Paulo, no estúdio da TV Cultura, o jornalista, professor universitário e consultor em comunicação Sérgio Gomes, relatou a tortura que sofreu nas dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-COD). Ele afirmou que não chegou a ver Vladimir Herzog, mas sabia que ele foi torturado. Segundo ele, um homem encapuzado fazia uma espécie de tortura em que choques são aplicados na orelha e no sexo, e que esse homem teria passado amoníaco na testa de Vladimir. Essa substância, afirmou Gomes, asfixia e poderia levar a .derrame cerebral. "Eu tenho certeza que foi exatamente dessa forma que se assassinou o Vladimir Herzog", disse.

O integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ex-presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da Presidência da República, João Luiz Duboc Pinaud, concordou. Ele disse, no estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, que a morte de Herzog não foi em vão porque ele levantou uma questão muito trágica: a violência da tortura. "A sociedade não estava com Herzog quando ele foi assassinado". Para ele, tão trágico quanto a tortura é "o governo tantos anos depois querer guardar esse segredo absurdo da ditadura". Segundo Pinaud, a Herzog foi um símbolo pois provocou uma "grande ruptura uma tomada de consciência que está sendo apagada agora".

Os debates do Diálogo Brasil são mediados pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior e são exibidos para todo o Brasil, sempre às quartas-feiras às 22h30.