Ex-diretor do Bamerindus diz que houve caixa dois em campanhas de FHC, afirma senadora

20/10/2005 - 0h22

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ex-diretor e proprietário do Bamerindus, José Eduardo Andrade Vieira, depôs nesta quarta-feira na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, em uma subcomissão criada para investigar liquidações de instituições financeiras ocorridas a partir de 1996. De acordo com a senadora Ana Júlia (PT-PA), ao final do seu depoimento, Vieira afirmou que houve esquema de caixa dois para financiar as campanhas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998.

"Perguntei a ele se a empresa de papel do Bamerindus, a Inpacel, era a principal doadora da campanha do FHC e ele disse que ‘oficialmente’, sim. Em seguida, falou que não tinha como provar, mas que as campanhas do ex-presidente tinham sido pagas com caixa dois", contou a senadora Ana Júlia. Diante da afirmação, o presidente da subcomissão, senador Aelton Freitas (PL-MG), decidiu enviar o depoimento do ex-proprietário do Bamerindus às Comissões Parlamentares de Inquérito dos Correios e da Compra de Votos.

José Eduardo Andrade Vieira acusa o Banco Central de favorecer instituições financeiras internacionais e facilitar a liquidação de bancos nacionais. Ele é autor de 14 ações judiciais contra o Banco Central, que somam um total de R$ 15 bilhões reivindicados a título de indenização.

"Nunca poderei deixar de afirmar que a administração pública à época foi a responsável pelo debacle do segundo maior banco privado do país", diz Vieira, em documento entregue aos senadores. "As autoridades monetárias da época deixaram de investir R$ 400 milhões em 1996 para manter o Bamerindus em operação líquida e saudável e, em contra partida, criaram um emaranhado de operações ilegais, gastando mais de R$ 7 bilhões para dar vazão à solução optada de entregar o nosso banco ao HSBC."