Trabalhadoras rurais ocupam 17 estandes da Feira de Agricultura Familiar

01/10/2005 - 18h24

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A força e o trabalho da mulher no campo estão presentes na II Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária em Brasília. As trabalhadoras rurais são responsáveis por 17 dos 500 estandes do evento, além de participarem de outros quiosques juntamente com os maridos.

No estande do movimento das trabalhadoras rurais de Maceió (AL), bolsas, toalhas e blusas bordadas são o destaque. Há três anos, grupos de até dez mulheres produzem os acessórios artesanais para vender no estado, segundo a representante do movimento, Maria Clara Silva. "Elas trabalham na roça e no momento de lazer procuram fazer esse trabalho", explicou.

Maria Clara disse também que as mulheres são responsáveis pela merenda de 600 crianças de uma escola de Inhapi (AL). Todas as verduras e carnes são fornecidas pelas pequenas produtoras. "Nós fazemos a vaca atolada, galinhada, mugunzá". Cada mulher recebe R$ 25 pelo trabalho. "Muitas mulheres voltaram a estudar porque agora têm dinheiro para comprar o material escolar, roupa", destacou Maria Clara.

Já as mulheres do grupo Decididas a Vencer, de Mossoró (RN), aumentaram a renda familiar com a venda de mel, licor de caju, sabonete de mel e ervas e outros alimentos. Há dois anos, o grupo de 30 mulheres integra uma rede solidária de comércio chamada Xique-Xique, que agrega famílias de 50 assentamentos da região. É a primeira vez que participam da feira da agricultura familiar.

As integrantes chegam a faturar um salário mínimo com a venda dos produtos. Para Francisca da Silva, integrante do grupo, o trabalho promove a igualdade entre homens e mulheres. "Muitas não conseguiram se libertar ainda. Com esses produtos, estamos educando nossos maridos e nossos filhos para a igualdade dentro do lar", disse.