Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre - A Polícia Militar do Rio Grande do Sul afastou neste sábado cinco policiais militares do 32º Batalhão da Brigada Militar, que participaram do confronto, durante protesto contra o desemprego na indústria calçadista do Vale dos Sinos, que resultou na morte de um sindicalista ontem (30) à noite, em Sapiranga, na região metropolitana de Porto Alegre. O anúncio foi feito pelo subcomandante-geral da corporação, coronel Wilson Pinto de Oliveira, durante reunião com representantes do Ministério Público e do Sindicato dos Sapateiros de Igrejinha. Segundo ele, os cinco PMs estiveram mais próximos da vítima e serão temporariamente deslocados para atividades administrativas.

O delegado de Sapiranga, Pedro Marques, disse que o laudo preliminar do Posto Médico Legal de Novo Hamburgo apontou que o sindicalista Jair Antônio da Costa, de 31 anos, morreu por asfixia mecânica, seguida de contusão hemorrágica na laringe e traumatismo cervical. O resultado da necropsia será encaminhado para a Polícia Civil. Segundo o delegado, 30 pessoas serão ouvidas no inquérito aberto para apurar responsabilidades.

Conforme o presidente do Sindicato da categoria, José de Melo, o motivo do protesto dos cerca de dois mil sapateiros de Sapiranga, Rolante, Campo Bom, Novo Hamburgo e Igrejinha é o fechamento de 13 mil postos de trabalho no setor coureiro-calçadista da região desde o início do ano. Ele disse que a confusão ocorreu quando os trabalhadores já estavam se dispersando, no fim da tarde.

"A vítima foi imobilizado por PMs, agredida, asfixiada com um cassetete e algemada", denunciou. Também participavam do protesto representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e os deputados federais Marco Maia e Tarcísio Zimmermann (PT).

Centenas de pessoas estão na sede do Sindicato dos Sapateiros de Igrejinha, participando do velório do sindicalista, que será enterrado ainda hoje.