Há um ano, 15 moradores de rua foram atacados em São Paulo e ninguém foi condenado até hoje

19/08/2005 - 14h05

Fábio Calvetti
Da Agência Brasil

São Paulo – Na madrugada de 19 de agosto de 2004, ocorria no centro de São Paulo o primeiro de uma série de ataques a moradores de rua. Sete morreram e oito pessoas foram feridas gravemente. A maioria das vítimas estava dormindo quando foi atacada, aparentemente a pauladas, na cabeça, na face e no resto do corpo. Na ocasião, dois sem-teto morreram imediatamente. Outros quatro faleceram no hospital, sem se saber se todos eram vítimas dos mesmos atacantes. Os ataques a moradores de rua voltaram a se repetir nos dias seguintes, ferindo mais quatro pessoas.

A polícia abriu diferentes frentes de investigação para encontrar os culpados e contou com o auxílio da Polícia Federal e de uma comissão de deputados que acompanhou o caso. O secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, chegou a anunciar à imprensa que o crime seria esclarecido em 30 dias após o primeiro ataque. No entanto, ninguém foi condenado até hoje.

A Polícia Civil ouviu mais de 60 pessoas e recebeu centenas de denúncias anônimas. Na ocasião, dois policiais militares foram presos, além de um terceiro suspeito, que fazia segurança clandestina na região central. O pedido de prisão temporária dos três acusados foi concedido pela Justiça em setembro do ano passado, mas eles foram liberados por falta de provas.

Em janeiro deste ano, o padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, afirmou que não houve mudanças substanciais na realidade dos moradores de rua, mesmo após a ampla cobertura da imprensa e a mobilização de setores da sociedade contra o Massacre da Sé.