CPI da compra de votos aguarda documentos de empresas de Marcos Valério para análise

12/08/2005 - 21h48

Iolando Lourenço e Juliana Cézar Nunes
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a compra de votos deverá começar a analisar na segunda-feira (15) os documentos contábeis e os papéis com a movimentação das empresas DNA e Grafite, pertencentes ao empresário Marcos Valério. Esses documentos ainda não chegaram à CPI. Ontem (11), Valério entregou a documentação referente à contabilidade e pagamentos de outra empresa em que tem sociedade, a SMP&B.

Na terça-feira, os deputados e senadores que integram a CPI tomarão o depoimento dos ex-tesoureiros Jacinto Lamas, do PL, e Emerson Palmieri, do PTB. Na quarta-feira (17), será a vez do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

De acordo com o presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), em uma reunião na terça-feira, a comissão vai votar requerimentos de convocação de depoentes, além de eleger o novo vice-presidente da Comissão. O escolhido substituirá o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que renunciou ontem. Pimenta deixou o cargo após admitir que, depois do depoimento de Marcos Valério na madrugada de quarta-feira (10), pegou uma "carona" com o empresário e recebeu uma nova lista de sacadores de dinheiro das contas de Valério.

Já o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara receberá na próxima semana as defesas, por escrito, dos deputados José Dirceu (PT/SP) e Sandro Mabel (PL/GO). O Regimento Interno do Conselho estabelece um prazo de cinco sessões da Câmara para que os denunciados entreguem o documento, contado a partir da data em que o parlamentar for notificado.

O deputado José Dirceu ainda não recebeu a notificação. O deputador Romeu Queiroz (PTB/MG), acusado de receber R$ 50 mil de Marcos Valério, apresentou nesta sexta-feira sua defesa por escrito. Dirceu, Mabel e Queiroz, após apresentarem defesa, poderão indicar cinco testemunhas em seu favor.

Outra frente de investigação, a Comissão de Sindicância da Câmara também continuará a tomar depoimentos na próxima semana. Como os trabalhos dessa comissão são sigilosos, os nomes dos depoentes não têm sido divulgados. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, deverá despachar uma nova representação contra 14 deputados para a Comissão de Sindicância.

A representação foi apresentada pelo senador Luiz Soares (sem partido/MS). O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB/SP), já pediu a Cavalcanti que em vez de encaminhar a representação à Comissão de Sindicância, envie diretamente ao Conselho de Ética.