Conselho do Fundo de Amparo ao Trabalhador libera R$ 3 bilhões para produtores rurais

21/07/2005 - 23h26

Adriana Franzin, Érica Santana e Karina Cardoso
Da Agência Brasil

Brasília – Os agricultores vão receber R$ 3 bilhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para a renegociação de suas dívidas com fornecedores. O recurso foi liberado pelo Conselho Deliberativo do FAT, e será disponibilizado por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os recursos haviam sido prometidos pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues durante o ato "Tratoraço, o Alerta do Campo". Organizado por grandes agricultores em Brasília no final de junho, o "Tratoraço" reivindicava ajuda para reduzir seu endividamento e recuperar perdas com a seca da safra 2004/2005.

O vice- presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Carlos Sperotto, comemorou a decisão do Conselho do FAT e espera que os recursos estejam disponíveis até a próxima quarta-feira (27).

Os recursos, de acordo com Sperotto, serão divididos em duas partes: "Um terço desse valor, 1 bilhão, irá para os atingidos pela seca e para as negociações não contabilizadas no sistema financeiro entre consumidor e fornecedor, originadas de produtos fornecidos para a safra 2004 e 2005". Os R$ 2 bilhões restantes, acrescentou, serão implementados nas demais regiões do país com o mesmo objetivo.

Entre as principais reivindicações dos agricultores que participaram do chamado "Tratoraço", no mês passado, estava a disponibilidade de recursos para a aquisição de insumos, máquinas e equipamentos, a prorrogação do custeio da safra, a liberação de garantidas de dívidas rurais, renegociação das dívidas, aumento dos limites de custeio para a próxima safra, seguro rural, importação de agroquímicos do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a suspensão das execuções judiciais das dívidas a serem negociadas.

De acordo com Sperotto, a demora do repasse das verbas retarda não apenas o plantio, mas a qualidade das lavouras. "A qualidade da lavoura está complemente vinculada à condição do produtor. A partir do momento em que não há definições, gera um quadro de instabilidade. Temos uma visão muito nítida de que o atraso contribui na colheita da safra", explicou.

O quarto levantamento de avaliação da safra 2004/2005, realizado em abril deste ano pelo Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao ministério da Agricultura, mostra que a produção de grãos da safra será 4,6% inferior a da produção anterior; uma queda de mais de 5 mil toneladas. Uma das principais causas apontadas pela Conab são as condições climáticas que causaram estiagem no estado do Rio Grande do Sul, que provocou quedas na produtividade do milho, feijão e soja.

Sperotto disse ainda, que não descarta a possibilidade de queda de dois dígitos de milhões de toneladas na produtividade. "Não chegarmos a 100 milhões de toneladas", ressaltou.