Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O líder do PMDB na Câmara, deputado José Borba (PR), pediu afastamento da liderança do partido com o argumento de que a sua saída poderá facilitar as investigações de que estaria envolvido no suposto pagamento de mesadas a parlamentares na Câmara. "A partir desta data, vou me licenciar do exercício pessoal da liderança como contribuição para facilitar a comprovação de minha absoluta isenção quanto a prática de qualquer ato ilícito ou desabonador no exercício de meu mandato que porventura possa ser objeto de apuração", afirmou em ofício encaminhado ao presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE).

No mesmo ofício, Borba indicou o primeiro vice-líder do PMDB na Câmara, deputado Wilson Santiago (PMDB-PB), para ocupar a liderança no período de seu afastamento. José Borba afirma, no ofício, que convocou para o dia 10 de agosto reunião da bancada do PMDB para escolha do novo líder do partido na Câmara. Borba também se colocou à disposição do presidente da Câmara para prestar os esclarecimentos necessários durante as investigações.

Em reportagem veiculada no último domingo pela "TV Globo", Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária do publicitário Marcos Valério, disse que Borba mantinha encontros regulares com ele. Valério é apontado pelo deputado Roberto Jefferson como operador do suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares do PP e do PL. Segundo a reportagem, documentos do Banco Rural comprovariam que saques em dinheiro em valores superiores a R$ 100 mil foram feitos por Valério em datas semelhantes àquelas em que Borba teria estado em uma agência do banco em Brasília.