Trabalhadores brasileiros chamam a atenção de Lula para problemas no Japão

27/05/2005 - 23h50

Spensy Pimentel
Enviado especial

Nagóia (Japão) - Entre as centenas de pessoas que aguardavam a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cerca de 20 trabalhadores brasileiros organizaram uma manifestação a fim de chamar a atenção para os problemas que, segundo eles, são enfrentados pela comunidade no Japão. "Brasileiros explorados clamam a ajuda do presidente operário", diz uma faixa que eles seguram. A comitiva presidencial chegou há pouco à cidade.

Francisco Freitas, militante sindical na região de Nagóia, informa que as principais reivindicações são de ordem trabalhista. "Queremos ter o direito de aproveitar o dinheiro de nossa aposentadoria em qualquer um dos dois países", afirma. Atualmente, o Brasil ainda não possui acordo com o Japão que permita a transferência dos fundos pagos à previdência japonesa para que sejam computados na contra brasileira da aposentadoria.

Segundo Francisco Freitas, os brasileiros reivindicam direitos como férias remuneradas, além de melhores condições de trabalho nas fábricas. Muitos dos brasileiros trabalham de forma terceirizada, para as chamadas empreiteiras – algumas pertencentes a brasileiros –, o que não garante certos direitos dos quais se beneficiam os trabalhadores efetivos das indústrias. "São brasileiros que exploram os brasileiros", resume o sindicalista.

Outra reclamação diz respeito às chamadas escolas brasileiras. "O presidente Lula vai receber daqui a pouco 30 donos de escolas. Eles vão dar a versão deles da história, mas na prática cobram 45 mil ienes (pouco mais de R$ 1 mil, na cotação de hoje) de mensalidade – e nem sempre temos a garantia de ensino de qualidade", diz Francisco Freitas. "Queremos que o governo brasileiro fisclize e não dê credenciamento para as escolas que não têm condições", acrescenta.