Matilde Ribeiro destaca a transversalidade no combate à exclusão

27/05/2005 - 20h35

Recife, 27/5/2005 (Agência Brasil - ABr) - Facilitar o acesso a programas de saúde, educação e sobretudo a cursos profissionalizantes que viabilizem a geração de emprego e renda para as comunidades que sofrem discriminação ética e racial é um dos principais desafios do Plano Nacional de Promoção de Igualdade Racial, que está sendo definido por meio de conferências regionais.

Ao participar nesta sexta-feira da 20ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial, na Associação de Ensino Superior de Olinda, a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial, disse que a iniciativa transcende o combate ao preconceito. "Os programas que estão sendo formulados têm por meta a construção da transversalidade – isso significa que todos os ministérios devem se responsabilizar pelas políticas de inclusão dessas comunidades, formadas por índios, negros, árabes, judeus e ciganos", observou.

Matilde Ribeiro destacou que um dos objetivos das conferências nos estados é apontar prioridades que assegurem os direitos humanos dos grupos discriminados. Citou como exemplo a questão educacional, ao afirmar que embora a Constituição garanta direitos iguais a todos, na prática, a trajetória escolar das crianças negras aponta grande incidência de meninos e meninas fora da escola. "Eles acabam se afastando por necessidade de ajudar no orçamento familiar, violência doméstica ou questões comunitárias", disse ela.

Segundo a ministra, para superar o problema é necessário um reordenamento do sistema de ensino brasileiro, sob a ótica da inclusão racial.

Maria José Barros, representante da comunidade de 11 Negras, onde vivem 560 famílias remanescentes de quilombos, no engenho Trapiche, no Cabo de Santo Agostinho, região metropolitana do Recife, afirmou que as principais dificuldades enfrentados no dia-a-dia são escolas precárias, falta de posto médico, desemprego entre jovens, além de falta de tecnologia e de sementes para plantar lavouras de subsistência. "Nós temos a terra, mas nos sentimos isolados e discriminados, porque não recebemos nenhum apoio governamental", disse.

Na opinião do cacique José Barbosa, da tribo Xukuru, de Pesqueira, o principal problema enfrentado pela etnia é a falta de regularização das área indígenas.

As propostas apresentadas durante os três dias do encontro vão resultar em um documento a ser encaminhado à 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, prevista para o dia 30 de junho, em Brasília.