Brasil, Argentina e Venezuela vão discutir políticas comuns na área social, na economia e energia

02/03/2005 - 22h33

Spensy Pimentel
Enviado especial

Montevidéu (Uruguai) - A reunião dos líderes de Brasil, Argentina e Venezuela decidiu organizar discussões ministeriais específicas, encabeçadas pelos três países, num prazo de 40 dias. A primeira sobre a área social, em Brasília; outra sobre questões econômicas, em Buenos Aires; e outra em Caracas, sobre a cooperação energética. Outros países sul-americanos serão chamados para essas reuniões, segundo o chanceler argentino, Rafael Bielsa. "As palavras, as leva o vento. Há que transformar as declarações políticas em atos de governo", disse ainda o chanceler, em relação à concretização dos ideais de integração sul-americana.

Para a Argentina, a recente criação da Comunidade Sul-Americana de Nações não deve impedir a resolução dos problemas ainda existentes no Mercosul, que ainda se encontra no estágio de implantação da união aduaneira. "Os males do Mercosul não se curam pondo-os numa vara mais alta", disse o chanceler argentino, para quem o momento é de trabalhar com firmeza e paciência.

Na reunião entre os presidentes de Argentina, Venezuela e Brasil, afirmou Bielsa, a Venezuela "ratificou" a vontade de ser "membro pleno" do Mercosul, faltando apenas "detalhes técnicos" para que isso aconteça - já que o país também integra atualmente o Pacto Andino, que tem suas próprias tarifas e regras.

Os países sul-americanos, diz Bielsa, precisam estar atentos a suas relações comerciais com os Estados Unidos: "nossos países realizam excessivas compras nesse mercado, que, nem sempre, é o mercado mais conveniente". Nesse sentido, segundo o chanceler, uma das definições da reunião desta quarta-feira foi que a indústria petroleira venezuelana deverá adotar uma política de substituição dos insumos que hoje adquire dos Estados Unidos por similares brasileiros e argentinos, que, segundo ele, têm "qualidade e preço" para serem "competitivos".

Acertos semelhantes devem acontecer na indústria naval (especificamente na fabricação de petroleiros) aeroespacial, e no desenvolvimento nuclear. Na América do Sul, a "vocação integradora se tem aprofundado notavelmente", afirmou Bielsa.