Berzoini: reforma proposta pelo governo não dá autonomia sindical plena

03/03/2005 - 0h14

Brasília, 2/3/2005 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, acredita que a Reforma Sindical representa um avanço na legislação atual, pois "hoje, se um trabalhador é representado por uma categoria que não tem representatividade ou frauda eleições, ele se insurge e rompe o ciclo ou se conforma e deixa o sindicato. O projeto atual não dá autonomia sindical plena. A interferência do Estado se torna mais objetiva em nome do governo e não da sociedade", comenta.

A declaração foi feita durante o programa Diálogo Brasil, apresentado pela TV Nacional, emissora Radiobras, em rede pública de televisão para todo o páis. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho lembrou que existem, atualmente, sindicatos que cobram 35% de um salário e "hoje, os trabalhadores não têm como não pagar a cobrança sindical".

Para o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (Abrat), Nilton Correia, a contribuição sindical não traz benefícios. Mas é importante diferenciar os sindicatos de carimbo e sindicatos pobres. "O sindicato tem que pensar em viver da contribuição sindical", acredita. Ele ressaltou ainda que a extinção da contribuição levará três anos. A Proposta de Emenda Constitucional sobre o assunto diz que esta contribuição será decretada na folha de pagamento. "Devemos optar por deixar a critério das assembléias", opina Correia.

Já o presidente do Conselho Empresarial do Rio de Janeiro, José Arnaldo Rossi, revelou que os sindicatos patronais não têm referências históricas para regular ou discutir a matéria com precisão conceitual. Ele ressalta ainda que a maior contradição é que o sindicatos precisam ser representativos. "Mas convidamos sindicatos não representativos para discutir a questão. Deu no que deu", sintetiza.

Já o ministro acredita que é impossível não ter contradições "Não podemos nos conformar com o que temos, Temos que avançar reconhecendo a nossa cultura. Não tenho dúvida que as organizações vão oferecer transparência e boa qualidade de serviço".

Rossi elogiou o trabalho de Berzoini sobre a reforma, "mas nós temos divergências. Temos contradições complicadas. Com o projeto, mantemos o princípio das centrais e mantemos as funções associativas." Segundo ele, é impossível romper com o sistema federativo. "A gente avança, mas leva o atraso. Especialmente para os empregadores", afirmou.