Lula recebe prefeitos e defende mais diálogo para evitar confrontos

17/02/2005 - 21h08

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou hoje a morte de dois trabalhadores sem-teto em Goiânia, na manhã de ontem, durante confronto com policiais militares que retiraram moradores de um condomínio invadido no ano passado. Durante audiência com participantes da 46ª Frente Nacional de Prefeitos, no Palácio do Planalto, Lula também lamentou a morte da missionária Dorothy Stang e de mais três pessoas no Pará, nos últimos dias.

"Ele lamentou, e defendeu essencialmente a necessidade de um diálogo maior para não se chegar à dimensão do confronto a que se chegou", disse o presidente da Frente e prefeito de Recife, João Paulo (PT). Segundo o prefeito, o presidente tem a clara convicção de que não deve haver intervenção do governo federal nos municípios, e sim a busca do diálogo para que soluções comuns à União e às cidades sejam encontradas.

"A visão dele é democrática, e ele tem clara convicção de que não deve haver medida de intervenção nos estados, mas sempre um diálogo e a busca de saídas coletivas entre município, estados e União", revelou João Paulo, que foi escolhido presidente da Frente de Prefeitos por unanimidade. .

Mais de cem prefeitos de cidades acima de 200 mil habitantes estão reunidos desde ontem em Brasília, na 46ª. reunião da Frente Nacional. Os prefeitos foram apresentar ao presidente Lula a nova diretoria da entidade eleita durante o encontro. .

Mesmo com o clima de cortesia, os prefeitos aproveitaram para cobrar do governo a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados. "Nós pedimos apoio, porque o empenho do presidente é notório em relação aos pleitos da Frente. O que está faltando é vencer a resistência de alguns governadores", ressaltou João Paulo.

O texto da reforma tributária que está em tramitação na Câmara prevê o aumento de um ponto percentual no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o que pode gerar R$ 1,2 bilhão aos municípios brasileiros.

"Os prefeitos encerraram o exercício de 2004 sem contar com esses recursos. Mas estamos iniciando o novo mandato, e estamos aqui para pedir ao governo federal e à Câmara para que se empenhem pelo menos, se não houver condições políticas de votar o texto global como está na Câmara, votar em separado a questão do FPM", disse o prefeito de Aracaju (SE), Marcelo Déda (PT).

O presidente Lula confirmou a participação na Marcha Nacional de Prefeitos, prevista para ocorrer entre os dias 7 e 11 de março, em Brasília. A marcha espera reunir prefeitos de todo o país que, juntos, vão reivindicar medidas que beneficiem os municípios brasileiros, como a aprovação da reforma tributária.