Queda de juros e cenário externo determinaram crescimento do PIB, diz Leda Paulani

01/12/2004 - 20h22

Mylena Fiori
repórter da Agência Brasil

São Paulo - A redução da taxa básica de juros (Selic) a partir de junho de 2003 e os bons ventos da economia mundial foram os principais responsáveis pelo crescimento de 5,3% do PIB brasileiro nos primeiros nove meses do ano. A avaliação é da economista Leda Paulani, presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política e professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo – FEA/USP. "As taxas eram absurdas e o governo começou a reduzir lentamente. Se ano passado a política monetária não tivesse sido tão apertada, seguramente cresceríamos em torno de 4%", afirma.

A economista, que integrou a equipe do ex-secretário de Finanças da cidade de São Paulo, João Sayad, acredita que os números positivos referentes à massa salarial, consumo das famílias e mesmo investimentos foram impulsionados exclusivamente pelo setor externo. "O crescimento da demanda externa produz crescimento de emprego e massa salarial, o que tem efeito multiplicador sobre o consumo e, finalmente, rebate nos investimentos", explica. No entanto, faz um alerta: "Quando se cresce ancorado no mercado externo isto, por definição, não é sustentável."

Leda Paulani questiona quanto tempo este modelo pode durar, uma vez que as condições que o produziram não necessariamente se manterão em 2005. Taxa de juros, taxa de câmbio e fatores externos como o preço do petróleo são algumas das variáveis que, segundo a economista, determinarão a continuidade de crescimento da economia brasileira.

A pressão do euro sobre o dólar, por exemplo, fatalmente afetará a demanda externa, garante Leda. Além disso, há uma indicação clara de elevação da taxa de juros norte-americana. "Não tenho dúvida de que vem um novo recrudecimento forte da taxa de juros aqui no Brasil. Por outro lado, a maré boa da economia mundial não vai durar muito", projeta.