Aliado do governo lamenta e oposição aplaude saída de Lessa do BNDES

18/11/2004 - 20h50

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A saída de Carlos Lessa da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) foi lamentada por aliados do governo e aplaudida pela oposição. O presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), disse que é "uma pena a saída do professor Carlos Lessa do BNDES". Segundo João Paulo, Lessa é um grande brasileiro preocupado com o país, "que tem uma grande contribuição a dar ao governo e ao país".

O líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES), disse que a saída de Lessa "consolida a visão e a prática conservadora da equipe econômica do governo". Segundo o líder, a área econômica perde um contraponto. "Carlos Lessa era uma voz diferenciada na equipe econômica", disse Casagrande.

Para o líder do PMDB, deputado José Borba (PR), Carlos Lessa desenvolveu um trabalho a altura do cargo que ocupava no banco. "Deixa saudade e um bom serviço prestado", afirmou.

Segundo Borba, Lessa, que é filiado ao PMDB, era uma escolha pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não uma indicação do partido, não significando baixa nos cargos ocupados pelo partido.

O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) também lamentou a saída de Lessa. Segundo o petista, o presidente Lula pediu a Lessa, homem de sua confiança, por diversas vezes que moderasse nas suas colocações. "O professor Carlos Lessa não aguentou as provocações e deixou o governo", disse.

Greenhalgh disse que Carlos Lessa resgatou o papel do banco como banco de desenvolvimento e de fomento, lembrando que o BNDES hoje é o segundo maior banco de fomento do mundo.

O petista Chico Alencar (RJ) considerou grave a saída de Lessa, e disse que "o BNDES era o único braço de formulação estratégica do governo".

O líder do PFL, deputado José Carlos Aleluia (BA), manifestou-se favorável à saída de Lessa da equipe do governo. "O governo tem que ter unidade, tem que ter comando. Nitidamente Lessa representava a indisciplina dentro do governo. Estava agredindo pessoas do próprio governo".

Segundo Aleluia, a decisão de sair alguém que "está desafinando, melhora a orquestra. É preciso fazer algum tipo de ajuste para que a orquestra consiga produzir alguma música", ironizou.

O vice-presidnetedo PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), disse que Carlos Lessa tem um "estilo nacionalista" em posição contrária a da equipe econômica. Segundo o senador, a atuação do governo não pode ter posições antagônicas no mesmo setor, "então as divergências com ministros eram claras e qualquer governo precisa ter o mínimo de harmonia".