Presidente do STJ diz que voltar ao passado só abrirá feridas já cicatrizadas

20/10/2004 - 22h07

Brasília - "Não há como trazer de volta a época da ditadura". A afirmação foi feita hoje pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, ao comentar o caso das supostas fotos do jornalista Vladimir Herzog na prisão, pouco antes de ser morto, em 25 de outubro de 1975, nas dependências do Doi-Codi, em São Paulo. As fotos foram publicadas no último domingo (17) pelo Correio Braziliense.

Em entrevista à imprensa, Edson Vidigal, afirmou que deve-se lembrar apenas das grandes conquistas do povo brasileiro. Das amargas, não. Para ele, "isso é tocar numa ferida que já cicatrizou. Não ajuda o país". O ministro ressaltou que a anistia veio para todos, ampla, geral e irrestrita. "Todos foram beneficiados: os da esquerda, ditos da esquerda; da direita, ditos da direita; do centro, ditos do centro, todos nós".

Vidigal lembrou que, como deputado votou a Lei da Anistia, que trouxe os exilados de volta ao país. Ele citou os casos do ministro José Dirceu, que havia sido expulso do Brasil e hoje chefia a Casa Civil, do presidente Lula, que foi perseguido como líder sindical, e a história de sua prisão por 53 dias, quando estudante, para afirmar que não há clima para "qualquer retorno à memória do sofrimento do país com os quase 30 anos de regime militar".

Com informações do STJ.