Balança comercial do agronegócio registra saldo recorde de janeiro a setembro

19/10/2004 - 20h24

Brasília, 19/10/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou hoje os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) e da balança comercial da atividade primária do setor agropecuário no país. A balança comercial (diferença entre exportações e importações) já registra um saldo de US$ 26,2 bilhões entre janeiro e setembro, índice 39,4% maior que o registrado no mesmo período no ano passado. Por outro lado, o PIB do agronegócio deverá crescer 3,2% até o fim do ano, ficando abaixo de expectativa de crescimento projetada pelo Banco Central, que era de 4,4%.

De acordo com o chefe do Departamento de Comércio Exterior da CNA, Antônio Donizeti Beraldo, o saldo recorde da balança comercial do agronegócio não deverá se repetir a partir do ano que vem. Ele aponta dois fatores para isso: a alta no custo da produção, motivada pela elevação dos preços do petróleo, e a queda de preços dos produtos no mercado externo, que ocorreu por causa do aumento de safra nos Estados Unidos. "O cenário para o próximo ano não é um cenário extremamente otimista justamente em função do aumento de custo de produção e também um cenário de preços baixos para os produtos agropecuários", alertou.

Beraldo citou o caso da soja, que teve o preço reduzido em mais de 50% no primeiro semestre deste ano. Ele disse que a produção do grão vai aumentar de 50 toneladas para mais de 60 toneladas entre este ano e o ano que vem. No entanto, as projeções de exportação são negativas. "As exportações do complexo soja devem fechar este ano com US$ 10 bilhões de dólares, mas, para o ano que vem, as projeções são de U$$ 9,3 bilhões", comparou.
"Interrompe-se o cenário da agricultura crescendo", afirmou.

A diminuição no ritmo de crescimento do agronegócio já é sentida pelo PIB da atividade primária do setor. O chefe do Departamento Econômico da CNA, Getúlio Pernambuco, citou a retração do consumo interno como um dos principais motivos que provocaram a queda de investimentos no campo. Mas a diminuição dos preços de produtos no mercado externo também têm relação com o PIB. "Quando os preços estão elevados no mercado internacional, isso mascara todas as deficiências internas em infra-estrutura, logística etc. Quando o preço cai, essas deficiências passam a ser evidentes". Para ele, a deficiência no escoamento da produção onera o produtor rural.