Palocci diz que BC não deve controlar metas de emprego e inflação por taxas de juros

13/09/2004 - 22h11

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, defendeu hoje que o Banco Central não deve controlar metas de emprego e inflação por meio de taxas de juros, a exemplo do que faz o Federal Reserve norte-americano. "Você pode trabalhar com metas de emprego e inflação num regime como o americano, pois lá não é meta de inflação, é meta do Greenspan (Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve)", afirmou o ministro durante o 1º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

Segundo Palocci, ao contrário do que se pensa, não existe um sistema métrico na política monetária americana. "A lei estabelece isto, ele (Greenspan) diz que cumpre e nós acreditamos que ele cumpre", afirmou.

"Penso que não se pode ter um sistema métrico. O sistema de metas da inflação tem um sistema métrico com dois objetivos, e aí não fecha a conta pois o Banco Central não tem vários instrumentos, tem um instrumento que é o de taxas de juros".

O ministro enfatizou, no entanto, que isto não significa que o país não possa fixar objetivos de crescimento e de produtividade. "Colocar junto metas de crescimento ou de emprego com metas de inflação você está exigindo dois resultados de uma política que lida com um único instrumento. É um modelo completamente diferente do que nós trabalhamos hoje", disse.

O ministro Antonio Palocci defendeu que a experiência prática de autonomia do BC deve ser institucionalizada em um modelo simples, semelhante ao das agências reguladoras, com mandatos para o presidente e os diretores. "Não acho que devemos inventar nenhuma estrutura miraculosa do Banco Central, não. A experiência mundial mostra que onde veio autonomia do Banco Central houve melhora menos resultados", disse Palocci.

Segundo o ministro, "estudiosos afirmam que a autonomia, por si só, já é um instrumento efetivo de redução das taxas de juros. A garantia de que o procedimento do BC será sempre autônomo já reduz custo da política monetária e, portanto, baixa juros".