Professor da USP diz que PIB mantém trajetória estável de crescimento

31/08/2004 - 21h15

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Os números divulgados hoje pelo IBGE mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro mantém trajetória estável de crescimento desde o final do ano passado, na avaliação do professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP,Carlos Eduardo Soares. No último trimestre de 2003 a alta foi de 1,7%. Neste ano, o PIB subiu 1,7% e 1,5% em cada trimestre. No acumulado do primeiro semestre, a elevação é de 4,2%.

Embora inferior ao ritmo das demais economias emergentes, a evolução é interpretada, pelo economista, como indício de consolidação do crescimento econômico."Vê-se a economia retomando o ritmo. Os dados indicam o crescimento do emprego e da renda real na esteira do PIB", avalia o economista da USP. Ele lembra que a economia mundial está crescendo a 4% ao ano e os países emergentes, a mais de 5%. O Brasil, por ser mais pobre, deveria crescer a um ritmo mais rápido. "Na comparação com os emergentes, estamos mal, mas para nosso padrão histórico o resultado é bom", afirma Soares.

Para Alexsandro Agostini, analista de políticas econômicas da Global Invest, um crescimento de 4,2% é "robusto para o padrão brasileiro". Ele lembra que é o melhor resultado, no acumulado do semestre, desde 2000, quando a alta do PIB foi de 4,36%. Em 1994 o crescimento havia sido de 4,22% e, em 1995, de 5,85%. "Devemos fechar o ano em 4,2%", aposta.

Mas o que mais surpreendeu o mercado foram os números do último trimestre. De maio a julho, o total de bens e serviços produzidos no país cresceu 5,7% em relação ao mesmo período de 2003. Agostini lembra que a expectativa para o trimestre era de crescimento entre 4,3 % e 4,5%. "Percebe-se que a dinâmica da economia não é mais exclusiva de setores ligados às exportações. Isso significa que as expectativas de emprego e renda são melhores", acredita Agostini. "Se mantivéssemos o nível do último trimestre, já no próximo ano a taxa de desemprego cairia a menos de 10%, mas é difícil que isto ocorra", afirma.