Paralisação total de caminhoneiros não é consenso na categoria

22/07/2004 - 21h37

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A paralisação dos caminhoneiros marcada para domingo não tem adesão de toda categoria. De acordo com Nélio Botelho, do Movimento União Brasil Caminhoneiros e membro da Frente Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, afirmou que uma greve, neste momento, é uma incoerência, pois a categoria está negociando benefícios junto ao governo. "Fazer a greve em cima do diálogo, nós achamos que é uma incoerência", disse após reunião com ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, da Integração Nacional, Ciro Gomes e dos Transportes, Alfredo Nascimento.

Botelho disse, no entanto, que compreende a iniciativa de realizar uma paralisação devido à situação das rodovias. "As estradas estão completamente esburacadas, pagando pedágio incompatíveis com a remuneração. O caminhoneiro sendo assaltado a todo momento, sem direito à alimentação, saúde... Enfim, é um submundo que está vivendo o caminhoneiro", afirmou.

Apesar disso, não concorda com a paralisação sugerida pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros. "Nós da Frente assumimos compromisso com o governo, de usar de todo prestígio que tivermos para evitar que essa greve aconteça", acrescentou. De acordo com ele, a intenção é manter a greve "no ar" por, pelo menos, mais 90 dias para esperar respostas do governo.

A Frente possui uma pauta de reivindicações, sendo que a prioritária é a recuperação das rodovias. Segundo Botelho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o compromisso de imediata liberação de verbas. O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, disse que as propostas dos caminhoneiros são viáveis. "Os pontos apresentados são solicitações viáveis, possíveis de serem atendidas", afirmou após a reunião. Nascimento também confirmou que serão feitos investimentos para recuperação de estradas. "Nossa expectativa é que em pouco tempo nós tenhamos dado condições de dar trafegabilidade às estradas federais", acrescentou.

Outro problema apresentado pelos caminhoneiros é a falta de segurança nas estradas e a corrupção. "Deixamos bem claro que a corrupção corre solta nas rodovias brasileiras", ressaltou Botelho. "Hoje o caminhoneiro tem medo de ir ao Rio de Janeiro porque quem está assaltando caminhoneiro é a própria policia militar da cidade", acusou. Uma nova reunião com representantes do governo está marcada para o dia 11 de agosto.